São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O grande Arenão

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Não faz tanto tempo assim, havia por aqui um partido chamado Arena -sigla de um troço que significava Aliança Renovadora Nacional ou coisa parecida. Dava sustentação política ao regime autoritário dos militares, em todas as situações, mesmo naquelas que fechavam o Congresso, toleravam a tortura e incentivavam o terrorismo -como no caso da bomba no Riocentro.
Cresceu tanto que foi considerado por um de seus líderes como o maior partido político do Ocidente, merecendo o carinhoso apelido de Arenão. Com a abertura democrática, dissolveu-se em várias legendas, sendo que uma delas aproveitou o chassi existente e nele montou uma lataria nova que recebeu o nome de Partido da Frente Liberal (PFL).
Continuou crescendo, absorvendo os profissionais da seara política interessados em continuar no poder ou em conquistá-lo.
Todos os descontentes de qualquer outro partido são potencialmente do PFL. Os tucanos paulistas, por exemplo, sentiram que não tinham vez no antigo MDB -que fizera oposição tolerada ao regime autoritário dos militares. Ulysses Guimarães e Orestes Quércia tinham prioridade. Os tucanos deram o fora, fundaram o PSDB e antes mesmo daquela ovelha duplicada em laboratório criaram um clone do PFL.
A bola da vez é o governador do Paraná, Jaime Lerner, que está deixando o partido pelo qual foi eleito. Vai cair por gravidade no velho Arenão, levando de cambulhada a turma que o acompanha.
Teme-se, com alguma razão, que do atual pega-pra-capar no próprio PT, que está brigando no plano estratégico e tático, os derrotados procurem o confortável remanso do partido que está no poder. Aderir é mais fácil do que conquistar -deve ter dito o Conselheiro Acácio.
O único que não cairá em tentação será o sr. João Amazonas, que continuará fiel ao PFL da Albânia.

Texto Anterior: A fome e a vontade de comer
Próximo Texto: Salário, inflação e pobreza
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.