São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Ameaça de boicote já atinge 4 Estados

Associações estaduais pedem redução de taxas

ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise entre o comércio varejista e as administradoras de cartão de crédito já atinge pelo menos quatro Estados, além do Distrito Federal.
Associações estaduais de comércio ameaçam deflagrar um boicote contra os cartões, caso as administradoras não reduzam suas taxas. De acordo com associações de lojistas e federações de comércio do Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiânia, as taxas de administração cobradas hoje no país variam entre 4% e 6%. Os lojistas reivindicam uma redução para 2%.
Também querem que o prazo de pagamento das faturas aos lojistas, que hoje pode chegar a 35 dias, não ultrapasse os 15 dias.
A SDE (Secretaria de Direito Econômico) promoveu anteontem uma reunião entre a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços) e o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal, com a finalidade de discutir o assunto. Não houve conclusão, e nova reunião foi marcada para o dia 10 de setembro.
O objetivo do governo, segundo o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor da SDE, Nelson Lins, é mediar uma negociação entre as partes, evitando o boicote.
Segundo Lins, hoje cerca de 40% das compras feitas no país são pagas com cartão de crédito.
O sindicato do Distrito Federal, que foi um dos primeiros do país a reclamar contra os preços cobrados pelas administradoras, já afirma, entretanto, que caso não haja um acordo na reunião, o boicote será mesmo iniciado.
A Federação do Comércio do Ceará, que reuniu-se ontem com o vice-presidente da Abecs, Sady Dalmas, também anunciou que vai deixar de aceitar os cartões se as administradoras não se posicionarem sobre as reclamações dentro de 15 dias.
"A nossa proposta é deflagrar uma campanha nacional", diz o secretário-geral da federação, Samuel Sacó. No Rio, segundo o presidente da Associação de Lojistas de Shoppings do Estado, Cláudio Gordilho, a ameaça do boicote também existe.
A associação já lançou uma campanha que procura mostrar para os consumidores que os custos dos lojistas com os cartões acabam sendo repassados para os preços. Em Goiânia, segundo o Sindicato do Comércio Varejista, os lojistas também estão reivindicando que o governo permita que os preços cobrados no cartão sejam superiores aos pagamentos à vista.
A Associação dos Lojistas de Shopping do Estado de São Paulo, que representa cerca de 25 mil comerciantes, ainda não ameaça boicote, mas também já pediu uma audiência com a Abecs.
A Abecs informou que só irá se pronunciar depois da reunião na SDE, em Brasília.

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