São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Diamantina quer ser patrimônio do mundo

FÁBIA PRATES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM DIAMANTINA

Uma pequena cidade do Norte de Minas Gerais, porta de entrada do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país, está se mobilizando para ser reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade.
Com 43 mil habitantes, Diamantina (290 km de Belo Horizonte), terra de Chica da Silva e Juscelino Kubitschek, aposta na aprovação da Unesco para garantir a preservação do rico conjunto arquitetônico e deslanchar o turismo.
A cidade, que começou a ser povoada no início do século 18, voltada para a exploração de ouro e diamante, chega ao final do século 20 sem alternativa econômica. O garimpo praticamente se exauriu, e Diamantina vive hoje com uma arrecadação mensal de R$ 420 mil.
A campanha pelo reconhecimento como patrimônio da humanidade foi lançada oficialmente pelo governo do Estado no último dia 12. Já ganhou a adesão dos moradores e um aliado de peso.
O ministro da Cultura, Francisco Weffort, que já fez três visitas à cidade, se disse encantado com a riqueza histórica de Diamantina.
"Pelo que conheço dos patrimônios da humanidade, Diamantina tem condições seguras. A campanha será vitoriosa", disse.
Entre a campanha pelo reconhecimento e o parecer da Unesco, previsto para final do próximo ano, duas comissões fazem um trabalho sobre o acervo histórico, arquitetônico e natural da cidade e divulgam a idéia de Diamantina como patrimônio da humanidade.
O trabalho visa reunir elementos que atendam às exigências da Unesco para definir o tombamento e montar um dossiê que será apresentado à entidade. Entre os critérios da Unesco, está a exigência de que o monumento já tenha sido declarado patrimônio nacional -Diamantina é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938.
O historiador Erildo Antônio Nascimento de Jesus, 34, secretário de Cultura e Turismo de Diamantina, aponta dados que, segundo ele, comprovam a capacitação da cidade para entrar no grupo dos patrimônios da humanidade.
No Brasil, só oito monumentos são tombados pela Unesco. Em Minas, só a cidade de Ouro Preto e o Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas do Campo, estão na lista.
Segundo Erildo de Jesus, além do rico conjunto arquitetônico que guarda construções do século 18, com influências barroca, neoclássica, neogótica e rococó, Diamantina tem peculiaridades históricas que justificam o reconhecimento pela Unesco.
Os argumentos, que já convenceram o ministro Weffort e uma série de apaixonados pela cidade, serão apresentados formalmente à Unesco em junho de 98, quando o governo federal fará a indicação de Diamantina como patrimônio da humanidade.

Os jornalistas Fábia Prates e Leonardo Colosso viajaram a convite da Prefeitura de Diamantina

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