São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Cidade tem museu de JK e obras de Niemeyer

FÁBIA PRATES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM DIAMANTINA

O conjunto arquitetônico do século 18, formado por belas igrejas e casarões, divide as atenções em Diamantina com outros pontos turísticos. A casa onde viveu Juscelino Kubitschek é um deles. A casa guarda objetos que contam um pouco da história do ex-presidente. Entre eles, alguns violões.
Em meio às construções antigas pode-se encontrar também obras de Oscar Niemeyer. O arquiteto é responsável pelos projetos de quatro construções de Diamantina: um hotel, duas escolas e um clube.
Mas as maiores atrações são mesmo as construções da história do diamante. Igrejas, capelas, sobrados (inclusive o que abrigou Chica da Silva), becos estreitos e o mercado municipal.
Construído no século passado, com influências da arquitetura mourisca, o mercado, que já foi ponto de encontro de tropeiros que iam vender suas cargas na cidade, foi restaurado e é palco de grandes eventos.
Na cidade, comenta-se que os arcos do mercado teriam influenciado Niemeyer ao fazer o pilotis (colunas que sustentam uma estrutura, deixando área livre para circulação no térreo) do Palácio da Alvorada, em Brasília.
A arquitetura da cidade guarda não só a história da descoberta e exploração dos diamantes. Diamantina é a única cidade do país que tem uma igreja do século 18 com torre nos fundos.
Conta a lenda que a torre foi construída no fundo por determinação da filha ilustre Chica da Silva, que tinha o sono incomodado pelo barulho do sino.
O símbolo da campanha para tornar-se patrimônio da humanidade, um passadiço ligando dois prédios dos séculos 18 e 19 na rua da Glória, também guarda históricas curiosas.
Em um prédio funcionava um colégio de freiras e no outro uma casa de prostituição. Depois de muita briga das freiras, o prédio onde funcionava a casa de prostituição foi anexado ao colégio, mas, como as moças eram proibidas de atravessar a rua, o passadiço teve de ser construído.
Cachoeiras
As belezas naturais de Diamantina são um atrativo a mais para os visitantes. Cercada por montanhas de pedras, a cidade tem oito cachoeiras que ficam de 5 a 20 km do centro.
Os povoados que cercam a cidade também encantam os visitantes. Um deles, Biribiri (15 km de Diamantina), é uma vila abandonada que já abrigou uma fábrica de tecidos.
A fábrica, inaugurada no século 19, foi desativada na década de 70. Mesmo sem moradores, a vila ainda preserva sua arquitetura do século 19.
O cenário de Diamantina impressionou o professor aposentado da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Tarcísio Ferreira, 65, que já presidiu a Belotur (Empresa de Turismo de Belo Horizonte).
Há seis meses, ele saiu em busca de uma cidade montanhosa para morar e disse ter se apaixonado ao chegar em Diamantina. "É impossível resistir ao amanhecer e entardecer de Diamantina", declarou.
Quarenta e oito horas depois de chegar à cidade, ele alugou uma casa e resolveu ficar.
"Cheguei em um momento especial em Diamantina. A cidade está passando por uma transformação, descobrindo o filão turístico", disse.

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