São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Chupa-cabra deixa a roça e vira febre no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

A moda do chupa-cabra virou febre no Rio de Janeiro e em outras regiões do país.
A onda do chupa-cabra surgiu no interior de São Paulo em junho, após a morte de animais por suposto ser misterioso, tido por alguns como ET.
Um exemplo da "febre" no Rio é o sucesso de chaveiros com um monstrinho, cópia dos bichos do filme "Gremlins", apelidado de chupa-cabra, que é vendido por camelôs.
A camelô Rita de Cassia, 29, que trabalha no centro, disse que chega a vender 1.500 chaveiros por semana, a R$ 2 cada um.
O lucro é enorme. Ela afirmou que compra os chaveiros em São Paulo, por R$ 0,50 a unidade. "Essa febre tá no Brasil inteiro", disse.
A paraibana Sonia Maria Vieira, 33, comprou 20 chaveiros de Cassia. Ela afirmou que daqui a 15 dias viajará para o Nordeste com pelo menos 200 desses chaveiros para vender.
Outro exemplo do sucesso dos ETs e dos chupa-cabra é dado pelo ufólogo Orlando de Souza Barbosa Júnior, 38.
Barbosa Júnior diz que não pára de ser chamado para dar palestras sobre o assunto.
Agressão
Já o ator Eriberto Leão, 25, que faz um veterinário extraterrestre suspeito de ser um chupa-cabra na novela da Rede Globo "O Amor Está no Ar", chegou a ser agredido verbalmente na rua.
Ao parar seu carro em um sinal de uma rua da Gávea (zona sul), uma vendedora de balas adolescente reconheceu o ator e, agressivamente, gritou: "Cara, você tá matando os gansos daqui do Rio. Eu não gosto de você, não".
"Eu ainda tentei brincar, mas ela não levou na brincadeira. Acho que os gansos eram do bairro onde ela mora", disse o ator, rindo da forma como a população mistura ficção e realidade.
A menina se referia a gansos que, no final de julho, foram mortos no subúrbio carioca de Senador Camará (zona oeste). Para a Fundação Rio-Zôo, os gansos foram atacados por animais predadores, como gambás.
O biólogo e ufólogo Orlando Júnior concorda em parte com a opinião dos veterinários do zoológico. Para ele, na maioria dos casos, a população desconhece os hábitos de animais predadores e acaba se confundindo.
Mas ele disse ter ficado "arrepiado" ao checar a morte de duas cabras prenhas, em 15 de julho, na favela do Jacarezinho, no Jacaré (zona norte), pois teriam as características de animais mutilados por ETs.
Entre outros dados, elas teriam perfurações no corpo, de três a seis centímetros de diâmetro, por onde teria sido "chupado" o sangue dos animais e alguns de seus órgãos, como fígado e intestino.
Relatando casos como esse, que para ele seriam ações de ETs que fazem pesquisas genéticas, Júnior tem atraído uma legião de interessados. Há poucas semanas, sua palestra no Museu da República, no Catete (zona sul), ficou lotada.
Muita gente não entrou na sala com capacidade para 80 lugares. Devido ao sucesso, duas outras palestras foram marcadas para este fim-de-semana, sempre às 14h. Camisetas com figuras do chupa-cabra estarão à venda.

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