São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Telesp abre disputa para o digital em SP

Licitação do celular é estimada em R$ 620 mi

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Começa amanhã a última grande concorrência pública para compra de equipamentos do sistema Telebrás: a encomenda de 1 milhão de linhas celulares digitais da Telesp para a Grande São Paulo.
O valor da licitação é estimado pela própria estatal em R$ 620 milhões. Pelo menos oito grandes fornecedores mundiais vão disputar a concorrência.
"É a maior licitação pública na área de telefonia celular em andamento no mundo", declara o vice-presidente da Alcatel, Luis Antonio Oliveira. A Alcatel vai participar da disputa em parceria com a Hughes norte-americana.
Trata-se não apenas da maior, mas também da mais complexa licitação para celular já realizada no Brasil. Sua complexidade deriva do fato de que a Telesp não definiu a tecnologia que vai adquirir.
Como existem duas tecnologias -CDMA e TDMA-, a empresa fez dois projetos, um em cada tecnologia, para a Grande São Paulo. Além disso, os candidatos poderão apresentar mais um projeto alternativo por tecnologia.
Como o governo privatizará o sistema Telebrás em 98, os fornecedores estão encarando a licitação da Telesp como a última grande oportunidade de fornecimento às telefônicas estatais.
Por esse motivo, o mercado antevê uma guerra também sem precedentes entre os fornecedores. Na disputa estarão NEC, Alcatel, Ericsson, Nortel, Lucent, Motorola, Samsung e Goldstar.
Queda-de-braço
A implantação do celular digital em São Paulo já vem provocando uma queda-de-braço entre as multinacionais há três anos.
Em 1994, a Telebrás decidiu adotar o padrão digital CDMA e os fornecedores que não possuíam a tecnologia fizeram grande pressão contra a decisão da estatal.
O embate entre os fornecedores foi polarizado pela sueca Ericsson (que só oferece tecnologia TDMA) e pela norte-americana Motorola, que utiliza a tecnologia CDMA.
Depois de muita discussão, o Ministério das Comunicações cancelou a determinação da Telebrás e decidiu que as estatais fariam a concorrência sem escolher previamente a tecnologia. Para evitar disputas judiciais, a Telesp fez uma discussão pública do edital e permitiu que os concorrentes apresentem projetos alternativos.
A NEC do Brasil, segundo seu presidente, Gilberto Garbi, participará com a tecnologia CDMA e pretende apresentar também um projeto alternativo. Garbi diz que, se todos os candidatos fizerem o mesmo, a comissão de licitação receberá mais de 20 projetos.
Em conversas reservadas, os empresários dizem que o governo já sinalizou que não aceitará uma guerra judicial entre os fornecedores que possa atrasar a implantação do digital em São Paulo.
O fato é que a Telesp entrou numa corrida contra o tempo desde que o governo assinou o contrato de concessão para o serviço celular privado na Grande São Paulo com o consórcio liderado pela BellSouth -cujo sistema entrará em funcionamento em meados do próximo ano e terá tecnologia TDMA (fornecida pela Nortel).

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