São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997 |
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Taxa de juro nominal está virando real Mesmo estável, custo sobe GABRIEL J. DE CARVALHO
A TBC, principal taxa básica na economia, está há seis meses estacionada em 1,58% ao mês. O CDI (juro interbancário) flutua ao redor de 1,60% desde maio. No crediário, sem contar quedas mais expressivas em ramos específicos, como veículos, o patamar é de 7% ao mês nas grandes cadeias de lojas desde o ano passado. Aparentemente, os juros estão estáveis, mas, como a inflação cai, na prática eles aumentam. Com a deflação registrada pela Fipe, talvez por todo este trimestre, a economia brasileira viverá a situação inusitada de taxas nominais se converterem em taxas reais. Se agosto fechar com deflação, todo o juro da poupança, por exemplo, será positivo. As contas do dia 1º receberão crédito de 1,1301%, o que corresponde a invejáveis 14,44% ao ano. Nos EUA, afirma Emilio Volz, executivo de um banco internacional e que trabalha em Miami, os juros também aumentaram em termos reais, nas duas pontas, apesar de taxas nominais relativamente estáveis. É que a inflação norte-americana recuou do patamar de 3% para o de 2% ao ano, lembra ele. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirma que o objetivo continua sendo de queda dos juros, a médio e longo prazos. Tudo indica, entretanto, que a armadilha do câmbio deixará essa meta na gaveta da equipe econômica do governo FHC por um bom tempo. O patamar de 1,60% ao mês (20,98% ao ano) para o juro básico é considerado alto para os padrões mundiais, mas no Brasil é visto por muitos analistas como limite de queda -pelo menos enquanto a estabilização da economia não se consolidar. Taxa de 1,60%, com o IR, cai para 1,36% no bolso do investidor. Isto, para os grandes. Pequeno leva menos. Juro abaixo de 1% ao mês poderia estimular o consumo, teme o governo. Brasileiro ainda não se deu conta do que é juro real. Fica de olho só no nominal. Fora isso, há a questão do rombo nas contas externas. Para tapá-lo, o governo depende de investimento externo. Para atraí-lo, no caso da renda fixa, a diferença entre juro e variação cambial precisa ter um mínimo de atrativo. Hoje, está em 9,5% ao ano. Se sobe o câmbio, tem de puxar também o juro. Mesmo com o juro atual, investimento em renda fixa no Brasil deixou de ser atraente, afirma Volz. O dinheiro que entra é mais para Bolsa e privatização. Volz faz contas rápidas: 1,60% bruto dá 1,36% líquido. Tirando 0,60% do câmbio, chega-se a 0,75% ao mês, ou 9,45% ao ano. Isso se obtém fora, em eurobônus, sem correr risco cambial, diz ele. No crediário, não há o que explicar tanta "gordura", com margens reais acima de 5% ao mês, critica o consultor Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (associação de executivos). Para ele, o comércio transformou o lucro financeiro em sua principal atividade. Nas lojas menores, o juro supre deficiências gerenciais, afirma Oliveira. Texto Anterior: A privatização da política salarial Próximo Texto: Tecnologia é arma para tentar evitar fraude Índice |
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