São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Leilão de privatização foi adiado seis vezes

CLÁUDIA PIRES
DA ENVIADA ESPECIAL

A Embraer foi fundada em 19 de agosto de 1969 e permaneceu como empresa estatal até 1994, quando foi privatizada.
Mas o processo de privatização foi longo, conturbado e levou 1.059 dias para ser concluído.
O leilão da companhia foi adiado seis vezes, até 7 de dezembro de 1994, quando a empresa finalmente foi à venda na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Na época, representantes dos sindicatos locais questionavam a venda de uma estatal do porte da Embraer e organizaram protestos contra o leilão.
A empresa foi vendida em apenas 57 minutos por R$ 154,1 milhões -valor total pago na época.
O preço final ficou apenas 0,3% acima do valor mínimo fixado para o leilão e foi pago integralmente em títulos da dívida de estatais ("moedas podres").
Depois de concretizada a operação, o consórcio vencedor se comprometeu a investir US$ 100 milhões em um ano e meio para a modernização da empresa.
Os primeiros dez anos de atuação da Embraer podem ser considerados os "anos de ouro" da empresa. Nessa época, o principal produto era o avião Bandeirante, que praticamente alavancou o transporte regional no Brasil.
Mesmo sem obter grandes lucros, a empresa conseguiu se manter e divulgar o produto no mercado nacional e internacional.
Na onda do sucesso do Bandeirante, a Embraer lançou o Tucano, que teve mais de 600 unidades vendidas para 14 forças aéreas no mundo. Nessa época, a empresa era presidida por Ozires Silva, coronel da reserva da Aeronáutica.
Aviões comerciais
No início dos anos 80, a empresa optou por desenvolver os aviões comerciais, como o Brasília.
Os problemas começaram a aparecer na segunda metade dessa década. Os prejuízos surgiram e a estatal começou a perder sua credibilidade internacional.
Silva esteve à frente da Embraer por 17 anos. Ele só se afastou da presidência da empresa em 86 para assumir a Petrobrás. Depois disso, foi ministro da Infra-estrutura durante o governo Fernando Collor.
Vários dirigentes nomeados pelo governo tentaram recuperar a empresa depois disso, sem sucesso. Em julho de 91, Silva retomou a presidência da empresa.
Maurício Botelho saiu do Bozano, Simonsen para assumir a presidência da Embraer em setembro de 95. Segundo ele, só a partir daí foi possível dar fôlego aos projetos que devolveriam a participação da empresa no mercado.
(CP)

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