São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Santos e Vasco podem oferecer agluns lampejos

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Nas voltas que o mundo dá, eis Pelé espiando o Vasco de esguelha, tudo por causa de Eurico Miranda, que incorporou, como nenhum outro cartola na nossa história, a Cruz de Malta, transformando-a de um glorioso símbolo em estigma. Logo o Vasco que marcou dois momentos decisivos da incomparável carreira do maior atleta do século.
Poucos se lembram, por exemplo, que foi com a camisa do Vasco que o menino Gasolina apareceu no seu esplendor de Pelé para o Brasil todo, no final de 56 ou despontar de 57, sei lá. Só sei que Vasco e Santos resolveram naquele ano, creio que num torneio Rio-São Paulo ou coisa que o valha, fundir-se num combinado que trocava de uniforme a cada partida. E lá estava o garoto Pelé com a farda do Almirante, ao lado de Artoff, Laerte e cia.
Bem mais tarde, coube ao Vasco, no Maracanã, tomar aquele que entrou para a história como o milésimo gol.
Hoje, Pelé representa, com seu anteprojeto de lei, a maior ameaça à sobrevivência de cartolas do estilo de Miranda, que, por sua vez, como deputado, está tratando de minar no Congresso as intenções do Rei.
E hoje teremos Santos e Vasco, na Vila, disputando um torneio tão cinzento e burocrático que os dois alvinegros são os únicos que oferecem alguns lampejos. Nada deslumbrante, mas o Vasco, com Mauro Galvão lá atrás, Válber no meio-campo e a dupla de área composta por Edmundo e Evair, é algo de se ver.
Quanto ao Santos, vale pelo espírito ofensivo do técnico, pela ascensão de Arinelson e pelas estocadas de Muller. Resumindo: deve dar bom jogo.
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Antes de mais nada, quero fazer um reparo à nota de Matinas, sábado retrasado, sobre minhas seleções dos mais elegantes, afora os exageros cometidos pelo amigo a meu respeito, por certo fruto da sua passional porção ocidental, ele, sim, um mestre na renovação da imprensa.
Trata-se da lateral-direita da seleção de estrangeiros, ocupada por um tal Tobias, na certa um conluio dos desencontros entre o que se diz, o que ouve, o que se escreve e o que se imprime.
Meu escolhido foi o tcheco Dobias, da Copa de 70, um centauro que tratava a bola com a delicadeza de um artesão dos mais finos cristais da Boêmia. Mas, em vista da confusão, aproveito para tirá-lo do time. Escalo em seu lugar o holandês da célebre Laranja Mecânica, Suurbier. Entre outras coisas, porque um elegante, sobretudo, é um homem de bom gosto. E Suurbier comprovou isso, desfilando na Copa de 74, na Alemanha, com sua mulher, uma deusa flamenga de flamejante beleza.
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Se Rivaldo seguir nessa toada, terá lugar certo na seleção. A sorte do treinador é a versatilidade de Rivaldo, que tanto pode ser escalado no meio-campo como no ataque, pela esquerda ou pela direita.
Ora, como Romário também anda esmerilhando, apesar da contusão que deve afastá-lo por sete semanas da bola, e Giovanni se recuperando, é bom Zagallo ir pensando no recuo de Leonardo para segundo volante, ao lado do velho Dunga de guerra.

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