São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Celina fez sem contar ao marido

DA REPORTAGEM LOCAL

Celina, 39, fez um aborto em clínica clandestina há quatro anos, três meses depois de ter o seu primeiro filho.
Casada há cinco anos, ela tomou a decisão antes de consultar o marido. Mas depois de conversar com a sogra e com a cunhada, que emprestou o dinheiro.
Segundo ela, a decisão levou em conta menos as dificuldades financeiras do que as emocionais.
"Eu estava com a auto-estima abalada, havia engordado mais de 20 quilos. Além disso, tinha a impressão de que só eu cuidava do meu filho e me sentia um pouco abandonada. Achei que ficaria sozinha para criar o que viria", diz.
O marido foi o último a saber, mas concordou com a decisão e acompanhou Celina até a clínica.
O lugar onde Celina fez o aborto tinha fachada de clínica de fraturas e cobrou R$ 700 pela cirurgia.
Segundo ela, era muito limpa e tratava bem as pacientes. Ela tomou anestesia geral e, uma hora depois, estava liberada.
Tanto naquela época como hoje, ela não usava pílulas e previne a gravidez com camisinha.
Afirma que hoje não espera ter mais filhos, por causa da idade. "Mesmo naquela época já achava ruim a minha idade, mas sempre quis ter um filho." Ela afirma que não se arrependeu.
"Na época, era a melhor decisão a tomar, mas hoje não faria de novo. Se não fosse meu filho, ficaria sozinha, porque meu marido trabalha o dia inteiro. Ele é meu maior companheiro."

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