São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Bom marketing é a chave para o tênis render

IVAN KLEY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Duas semanas depois de Gustavo Kuerten conquistar o título de Roland Garros, em Paris, no início de julho, cerca de cem novos alunos se matriculavam na minha academina de tênis, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Como muita gente que esperava uma chance de aumentar seus negócios no tênis, finalmente tive essa oportunidade. Mas não se pode falar em bom momento para o tênis só por causa da vitória de Kuerten.
Não dá para ficar sentado, esperando a academia crescer e o esporte se tornar mais conhecido entre os brasileiros.
O momento é bom para aquelas pessoas que já trabalhavam com tênis muito antes de Kuerten ficar entre os dez melhores tenistas do mundo.
São esses os profissionais que já têm alguma estrutura e "know how" no meio do tênis.
Eles dão aulas em academias ou clubes, ensinam o esporte em clínicas de férias, treinam ou treinaram jogadores de alto nível ou promovem a modalidade de outras maneiras.
Não devem ser confundidos com "pára-quedistas", que já estão aos montes por aí e querem se aproveitar do filão do tênis, sem conhecer ao menos alguns fundamentos.
É preciso aproveitar a evidência do esporte investindo mais ainda em sua divulgação. Depois da campanha de Gustavo Kuerten em Roland Garros, decidimos gastar mais com propaganda, por exemplo, para atrair não só possíveis alunos, mas principalmente novos patrocínios.
Sem dinheiro não dá para trabalhar. Sem patrocinador, o tenista não pode viajar para jogar o circuito, fazer pontos e subir no ranking.
Lembro-me de Kuerten e do Larri Passos, seu técnico, desesperados depois que a Sadia cortou o patrocínio ao tenista, em 1994, quando ele passava do juvenil para o profissional.
Foram muitas tentativas até Kuerten conseguir um novo patrocinador. E como as coisas mudam! Hoje é ele um dos que mais motivam o interesse pelo esporte no Brasil.
Ainda assim, não podemos dizer que os investidores apareceram de uma hora para outra e que agora estamos todos ganhando dinheiro com o tênis. Ainda não.
Apesar da motivação para impulsionar o esporte, o retorno para quem está envolvido "no negócio" ainda não veio.
O que melhorou foi a atenção dos patrocinadores, que antes nem pensavam duas vezes antes de dizer não a torneios, academias e jogadores que apareciam em busca de alguma ajuda financeira.
É um começo. Aqui no Rio Grande do Sul, estamos retomando o circuito de tênis profissional, suspenso nos últimos dois anos por falta de verba.
Apesar de não contar pontos para o ranking da ATP, dá premiação em dinheiro -total de R$ 12 mil-, e os jogadores aparecem no jornal.
Isso é bom para conseguirem patrocínio e pegarem ritmo para jogar torneios satélites, em que se consegue os primeiros pontos na ATP.
É hora de quem sempre trabalhou pelo tênis ver as coisas com mais profissionalismo, marketing, pensando em dar retorno aos patrocinadores.
Gustavo Kuerten não pode ser visto como a solução dos nossos problemas. Nós apenas pegamos uma carona com ele.

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