São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Comandante quer PM junto da população

SÍLVIA CORRÊA
EDITORA DE CIDADES DA FT

O novo comandante-geral da Polícia Militar aposta na polícia de quarteirão como a melhor arma para combater a criminalidade na periferia da capital e em ações direcionadas para conter a violência na região central de São Paulo.
O coronel Carlos Alberto de Cargo falou com exclusividade à FT, do Aeroporto Internacional de Fiumicino, em Roma (Itália), 15 minutos antes de embarcar para o Brasil. Leia trechos a seguir:
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Pergunta - Como o sr. recebeu a notícia de que será o comandante da PM?
Carlos Alberto de Camargo - O secretário entrou em contato comigo. Fiquei um pouco assustado e preocupado com a responsabilidade que o cargo me atribui. Mas estou disposto a elevar a PM ao posto de organização em proteção da dignidade humana.
Pergunta - Quais são as formas de elevar a PM a esse posto?
Camargo - Será um longo processo. Amanhã (hoje), vou procurar o secretário. Definiremos os nomes que irão me assessorar e, em seguida, começaremos a produção de relatórios com todos os projetos em andamento na corporação e problemas potenciais a enfrentar. É a primeira parte.
Pergunta - Depois de identificar os problemas, como atacá-los?
Camargo - Traçaremos um plano de metas. Aposto no policiamento comunitário como a melhor forma de patrulhamento das regiões periféricas. Acredito no sucesso da identificação do policial com a comunidade. Nas regiões centrais, vamos adotar formas de policiamento específicas para combater crimes específicos.
Pergunta - Como o sr. encara a possível resistência de coronéis mais velhos?
Camargo - Não sei quantas vagas serão abertas, mas não temo resistências.
Pergunta - Há nomes definidos para o alto comando?
Camargo - Sim. O coronel Bononi (José Carlos Bononi) será o subcomandante. Não posso dizer mais nada.
Pergunta - Na sua opinião, o que levou ao afastamento do antigo comando? Episódios como Naval e Juta motivaram essa mudança?
Camargo - Não devemos questionar decisões governamentais. Sem dúvida, a criminalidade policial me preocupa muito. Não aceito a resposta que esses casos são situações isoladas. Isso reflete uma banalização do social.
Pergunta - É essa banalização que o sr. defende em seu livro, onde afirma que a população brasileira só tende a acatar normas de convívio social sob repressão?
Camargo - Defendo que ampla camada da população tende a banalizar normas de convívio. O pai passa o farol vermelho e compra arma de brinquedo para o filho.

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