São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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LATINOS SOB SUSPEITA

Diante da crise financeira asiática, os países em desenvolvimento vêm tentando demonstrar que "são diferentes". O mesmo ocorreu na crise mexicana de 94 e mesmo nas distantes crises dos anos 70 e 80. É a velha síndrome das "ilhas" de prosperidade em meio à tormenta.
A reunião anual conjunta do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial torna mais difícil que nunca essas estratégias de avestruz.
Talvez até por terem sido coniventes ou otimistas demais no passado recente -tanto diante do ocorrido no México como em relação aos "milagres" do Sudeste Asiático-, o FMI e o Banco Mundial estão lançando vários sinais de alerta sobre os mercados emergentes que não foram atingidos pela crise asiática, sobretudo na América Latina.
Mas a advertência contra o otimismo oficial dos latinos não vem só do FMI e do Banco Mundial. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com larga experiência na região, também se preocupa.
A mensagem relativamente consensual dos vários organismos é que a combinação de crescimento, inflação baixa e taxas de câmbio valorizadas não é sustentável no médio e longo prazos. Sobretudo quando são lentas, incompletas ou imperfeitas as reformas estruturais nos sistemas de educação, do Estado e de distribuição de renda. São alertas que não se limitam à retórica. O FMI, diante da resistência tailandesa em fazer reformas profundas na economia e no Estado, simplesmente ameaçou retirar o pacote financeiro já anunciado, mas não desembolsado.
O FMI não é mais o mesmo e até aceita novas fórmulas, tais como regras mais pragmáticas para a liberalização de mercados de capitais em países que precisem de mais tempo para se vitaminarem contra ataques especulativos globais.
Mas essa possível flexibilidade é acompanhada de alertas reais que podem alimentar um ceticismo ainda maior diante de governos relapsos em mercados emergentes.

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