São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997 |
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Vitória do cidadão
JUCA KFOURI Independentemente do resultado que venha a ter e do tempo que demore para que haja uma decisão, a ação civil proposta pelo procurador da República, José Leovegildo de Oliveira Morais, contra a CBF, Fluminense e Bragantino -além do Indesp e da União, representada pelo Ministério da Educação e do Desporto-, deve produzir efeitos ainda neste ano.Como o procurador pede a nulidade dos jogos que envolvam os dois clubes beneficiados pela virada de mesa que resultou no Vergonhão-97, é muito provável que aqueles que sejam atingidos pelo rebaixamento se sintam no direito de não cair até que a Justiça dê a palavra final. Ou seja, no mínimo dois clubes, se Fluminense e Bragantino estiverem entre os quatro rebaixados, argumentarão, se eventualmente tiverem perdido pontos decisivos para os dois penetras, que têm respaldo legal para ficar na primeira divisão. E podem ser três clubes, ou até mesmo quatro, embora o tricolor pareça novamente condenado a cair. Tudo isso revela o tamanho da lambança cometida pela Casa Bandida, atropelando seu próprio regulamento e as leis do país, como se estivesse acima delas. Aliás, bem enfatiza o parecer do jurista e deputado federal Hélio Bicudo (PT-SP), que faz parte da ação, ao tratar da arrogância cebefiana. "O escárnio da CBF pelo Estado democrático de direito e pelos Poderes da União é tamanho que, nos seus estatutos, a expressão 'poder judiciário', como se vê, é grafada com as iniciais minúsculas enquanto que 'Justiça Desportiva' é grafada com iniciais maiúsculas." Do jeito que as coisas vão fica cada vez mais próxima a fundação da liga dos clubes, até para driblar as questões judiciais que envolvem a CBF, tão "esperta" que chegou a justificar a permanência de Flu e Braga exatamente para evitar problemas na Justiça. Pois o problema está aí e é de bom tamanho. Se o lobby montado em Brasília pela CBF, com a chamada "Casa de Ali Babá" como sede, pode surtir seus efeitos contrários ao projeto de Pelé entre deputados e senadores no Congresso Nacional, nada indica que Justiça Federal padeça do mesmo mal. O sucesso da representação do deputado federal Jaques Wagner (PT-BA), transformada na ação da Procuradoria da República, anima o cidadão torcedor e consumidor de futebol no Brasil. Um gol da cidadania. Texto Anterior: Irônico, Scolari prega o 'futebol-arte' Próximo Texto: Sob tensão, São Paulo busca fórmula para 'ser caseiro' Índice |
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