São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Com 4 adesões, PFL triplica sua bancada de governadores

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL foi o partido campeão até agora na cooptação de governadores, triplicando -de dois para seis- o número de chefes de Executivos estaduais filiados à legenda só neste ano.
O objetivo do PFL é garantir a presença real do partido em todas as 27 unidades da Federação. Isso significa conseguir eleger deputados federais em todo o país na eleição de 98.
Para eleger muitos deputados é importante que um partido dispute os cargos majoritários nos Estados. Como agora é possível tentar a reeleição, os partidos que já têm governadores saem na frente pela manutenção dessas cadeiras.
Por isso o PFL procurou inflar a sua lista de governadores -aproveitando que a legislação atual não pune a infidelidade partidária.
Apesar do aumento, os pefelistas ainda perdem em número de governadores para o aliado PSDB, que tem sete. O PMDB ainda mantém o maior número de governadores em todo o país: oito.
Junto com o PSDB, o PFL foi o único partido que conseguiu aumentar o seu número de governadores desde a eleição realizada em 94.
O PFL pulou dos seus dois Estados -Bahia e Maranhão- para seis -com Acre, Amazonas, Paraná e Tocantins.
O PSDB aumentou sua lista de governadores de seis (Ceará, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe) para sete (com Mato Grosso).
PFL se justifica
O presidente do PFL, deputado federal José Jorge (PE), se orgulha do feito de seu partido: "Nós trabalhamos para isso. Queremos ter estrutura em todos os Estados e chegar a, pelo menos, oito governadores no ano que vem".
Para José Jorge, não há demérito em ter filiado ao partido políticos como Orleir Cameli -o governador do Acre, acusado de várias irregularidades, como ter sido um dos compradores de deputados na votação da emenda da reeleição.
"Queríamos esperar que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara terminasse o processo (sobre compra de votos). Não houve tempo para isso. Mas o governador já deu todas as explicações a respeito de sua inocência", diz José Jorge.
O presidente pefelista também reclama das cobranças "desproporcionais em relação aos outros partidos" a que o PFL estaria sendo submetido: "Parece que só gostam de cobrar as coisas do PFL. Veja o governador de Pernambuco, Miguel Arraes, do PSB. Ele patrocinou um dos maiores escândalos do Estado, com os precatórios, e ninguém fala nada".
O bloco dos maiores
O crescimento do número de governadores do PFL coloca o partido no bloco principal das legendas que comandam o país.
Junto com PMDB e PSDB, o PFL passa a ser o terceiro partido de destaque numérico em termos de governos estaduais.
Juntos, nesse bloco dos três maiores, o PMDB, o PSDB e o PFL controlam 21 unidades da Federação -77,8% do total.
Enquanto essas três legendas se consolidam na liderança dos Estados, outros partidos continuam sua caminhada ladeira abaixo.
É o caso do PPB, que elegeu três governadores em 94. Perdeu todos. Hoje, ainda tem um Estado porque em Roraima o governador deixou o PTB para se tornar um pepebista.
O PTB, que perdeu Roraima, acabou sendo beneficiado pelos problemas do Estado de Alagoas. O governador alagoano Divaldo Suruagy (PMDB) deixou o cargo para seu vice, Manoel Gomes de Barros, que é do PTB.
Nesse troca-troca partidário, o PDT ficou sem nada. Tinha o governo de dois Estados (Mato Grosso e Paraná) e perdeu os dois.
O PT, que também havia conquistado dois governos em 94, acabou tornando insustentável a permanência de um deles -Vitor Buaiz, do Espírito Santo. Hoje, os petistas têm apenas o Distrito Federal, o berço das reivindicações do funcionalismo público brasileiro.

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