São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Intervalo comercial

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mário Covas justificava sua investida publicitária na televisão, semanas atrás, dizendo que evitava a personificação. Que ele mesmo não assinava os comerciais.
Pois ontem Covas surgiu em plano americano, em nova sequência de comerciais em todas as redes. É ele o grande realizador, comunica a propaganda. É ele dizendo, depois de imagens de metrô, estradas, moradias:
- Essas obras foram feitas evitando desperdício, conseguindo redução de preços, rediscutindo contratos... Com as nossas bandeiras de cada dia: dignidade, respeito, seriedade, honestidade...
Como se vê, prossegue a campanha antimalufista e antiquercista, adversários do governador que não se diz candidato à reeleição.
Que invade os intervalos comerciais e tem o desembaraço de fechar a propaganda com uma locução assim:
- O governo Covas não faz barulho. Faz obras.
"Barulho" eleitoral é tudo o que Covas vem fazendo.
*
Leonel Brizola segue em baixa. Ontem reafirmava, no Bom Dia Brasil, que aceita ser o segundo de Lula. E nos intervalos comerciais reaparecia dizendo que está "lutando pela unidade de todas as correntes de oposição".
Talvez o mais significativo seja, menos a aceitação do papel coadjuvante na "unidade", e mais a simples presença em longa entrevista na antes abominada Rede Globo.
Ele falou o que queria. Questionou o Plano Real, o neoliberalismo e a globalização, em seu nacionalismo tão conhecido -e ontem mitigado pela aceitação de uma ou outra privatização.
Leonel Brizola não é mais uma ameaça.
*
Outro intervalo e entra Orestes Quércia:
- O meu governo foi o que mais construiu escolas. Vocês se lembram...
Lembram?

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