São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Ministro incita confronto, diz secretário de Segurança

Iris teria ordenado cumprimento de mandados

IZABELA MOI
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de Sergipe, Wellington Mangueira (PPS), afirmou que o ministro da Justiça, Iris Rezende, está "claramente incitando o confronto entre fazendeiros, governo e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)".
Em fax enviado a João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, Mangueira, que foi nomeado para o cargo pelo governador Albano Franco (PSDB), diz estar preocupado com a atitude do ministro, que entraria em confronto "com os princípios mais elementares de cidadania, democracia e de justiça".
Segundo Mangueira, durante a reunião que o ministro teve com todos os secretários estaduais da Segurança na terça-feira passada, Iris Rezende afirmou que "aquele que não tem condições de defender o que possui, não merece possuí-lo".
O ministro teria instruído os secretários a cumprir imediatamente os mandados de reintegração de posse das terras invadidas. Teria dito ainda que as ações policiais tinham que ser mais "altivas" e aconselhou que os fazendeiros se entendessem com as delegacias locais ou que contratassem "vigilantes" para evitar as invasões.
Iris Rezende teria afirmado estar arrependido de não ter apoiado o governo do Pará durante o "episódio" de Eldorado do Carajás, para que as ocupações não continuassem. Em abril de 1996, 19 sem-terra morreram em confronto com a Polícia Militar paraense.
Iris disse que as revelações da reunião ou foram "má-fé" ou "são totalmente distorcidas do que se falou na reunião".
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "não vê cabimento em receber o MST para discutir saída de ministro". O MST quer audiência com FHC para pedir a saída de Iris.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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