São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Lixão de Campinas atrai mais catadores

FABIANO ALCÂNTARA
DA FOLHA CAMPINAS

Dobrou o número de pessoas que sobrevivem da retirada de lixo do aterro sanitário Delta 1, em Campinas, desde julho deste ano, segundo dados da prefeitura.
O comércio de latas de alumínio está atraindo moradores de Hortolândia e Sumaré para trabalharem como "garimpeiros" de lixo no aterro sanitário.
Segundo o coordenador do Departamento Regional de Operações Noroeste, Alberto Leite, 45, o número de pessoas que "garimpam" no Delta aumentou de 80 para 180 desde o final de julho.
Crianças e adolescentes, com idades entre 11 e 16 anos, representam uma média de 10% dos trabalhadores do "lixão".
Segundo o diretor do DLU (Departamento de Limpeza Urbana) da Prefeitura de Campinas, Laércio Terentim, 42, cerca de 50% das pessoas que atuam no "lixão" são de Hortolândia e Sumaré.
A maioria dos "garimpeiros" trabalha todos os dias da semana, das 7h às 18h, e diz faturar entre R$ 120 e R$ 360 por mês.
A Folha apurou que cada quilo de lata de alumínio é vendido por R$ 0,40 para atravessadores -que revendem o produto por R$ 0,50.
Para ganhar R$ 4 por dia, é preciso recolher 670 latinhas -o que garante R$ 120 por mês. Para faturar R$ 360, é preciso reunir uma média de 2.010 latas diariamente.
O diretor do DLU, que é responsável pelo Delta, disse que a prefeitura não tem como coibir a presença dos "catadores".
"Acionamos a polícia quase diariamente, mas basta os policiais irem embora e eles voltam", disse.
"A prefeitura não está omissa. Cadastramos 80 pessoas em julho e oferecemos cestas básicas para as famílias, mas elas recusaram", disse Leite. Segundo ele, o aterro deve ter mais três anos de vida útil.
"Trabalhamos com máquinas pesadas e as pessoas correm risco de se envolver em acidentes."
Segundo o juiz da Vara da Infância e da Juventude, Érson Teodoro de Oliveira, a prefeitura deveria acionar o Conselho Tutelar judicialmente.

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