São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997 |
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'Ano Guevara' deixa irritado filho de Che Camilo evita jornalistas RODRIGO LEITE
Camilo Guevara, a exemplo de outros de seus irmãos, é um "embaixador itinerante" da memória de seu pai, morto por tropas bolivianas em outubro de 1967. Com a proximidade do 30º aniversário da morte do guerrilheiro, um dos líderes do grupo que tomou o poder em Cuba em 1º de janeiro de 1959 e instaurou o regime comunista na ilha, a família recebe uma enxurrada de convites para participar de homenagens. Neste ano, diversas biografias foram editadas, cartazes foram colocados à venda, todos relacionados à vida de Che, o que faz de 1997 o "ano Guevara". Apesar de tanto assédio por causa do sobrenome famoso, Camilo evita mencionar a figura paterna -"Eu só vim aqui receber uma medalha, que aliás nem está em meu nome", comentou durante o primeiro dia de sua visita ao Brasil- e se recusa a admitir que o fato de ser filho do mais famoso guerrilheiro do século o torna alvo de interesse. Disse que não falaria a jornalistas, pois havia pessoas "mais envolvidas" com questões cubanas do que ele -o vice-prefeito da região central de Havana, Lázaro Ribero, e funcionários do Instituto Cubano de Amizade com os Povos estavam na comitiva. A organização do evento disse que a idéia inicial era trazer a irmã mais velha dele, Aleida, para receber a medalha. Ela não estava em Cuba e pediu que Camilo viesse. O advogado fica no Brasil até sábado, quando vai para o Chile. Primeiro dia Ele começou com uma visita ao Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Dr. Ernesto (Che) Guevara, na zona oeste da cidade. Camilo Guevara, que trabalha para o Ministério da Pesca de Cuba e estudou na extinta União Soviética, ouviu um coral de crianças e recebeu um livro com desenhos e poemas dos alunos, com idades entre 4 e 15 anos. Um deles se referia a Che como "um argentino valente, que lutava por toda a gente". Usando sandálias de couro e camisa parcialmente desabotoada, beijou crianças no Ciep e se sentou no chão com elas. A principal atividade de Camilo Guevara no Brasil será receber, na quinta-feira, a medalha Pedro Ernesto, a máxima condecoração da cidade do Rio. Ela foi concedida a Che por iniciativa do vereador Fernando William, do PDT carioca, apesar de alguns protestos de vereadores de direita. Após a visita às crianças, ele almoçou -não gostou de caipirinha e pediu vinho, um costume igual ao do pai- e conheceu o sítio Burle Marx, que pertenceu ao paisagista brasileiro. Irritou-se com a chegada de uma equipe de TV ("uma má notícia"), comentou. Texto Anterior: Voluntários querem testar vacina para Aids Próximo Texto: Guerrilheiro deixou carta póstuma aos cinco filhos Índice |
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