São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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O pesadelo

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Em 1994, todos os candidatos a governador pelo PMDB apoiaram o tucano Fernando Henrique Cardoso já no primeiro turno, exceto um: o baiano Nilo Coelho, que ficou com Quércia até o fim.
Pois esse mesmo Nilo Coelho acabou sendo o pomo da discórdia que levou Sérgio Motta a abandonar, ontem, seus cargos na direção nacional do PSDB.
Desde junho, a decisão de desfiliar Nilo Coelho vinha sendo consensual em todas as tendências no PSDB, inclusive entre os arquiinimigos Serjão e Pimenta da Veiga, exceto uma -a da própria Bahia.
Pois esse consenso não resultou na desfiliação de Nilo Coelho e acabou esfacelando os vestígios de unidade entre os tucanos.
O PSDB, portanto, é um partido em crise. Já tinha perdido alguns de seus fundadores, como Euclides Scalco. Já tinha suportado a decisão de Covas de não disputar a reeleição. Quase ficou sem presidente na sexta-feira passada.
Na carta jogando para o alto sua participação no PSDB nacional, Serjão faz votos de que "esse pesadelo termine".
Ficou meio no ar. A qual pesadelo se referia? Acabou o sonho de um partido ético, comprometido com a utopia socialista de uma sociedade justa, com direito a educação, saúde, segurança? Ou acabou-se o seu sonho pessoal de dominar o governo, o partido e a campanha de 98?
A cúpula do PFL aposta que todo mundo vai tentar, mas ninguém vai conseguir tirar de Serjão a coordenação da campanha de FHC. Além de se isolar dos governadores tucanos, Fernando Henrique poderá estar também criando uma sólida barreira entre ele e os articuladores de sua candidatura.
Serjão é uma espécie de negativo de Vera Fischer: assusta empregadas, grita com os subordinados, persegue aliados. O PSDB ameaça tirar-lhe a guarda de FHC. A não ser que ele se interne para desintoxicação.
*
Desculpe-me, dr. Badan Palhares, mas "farta credulidade" é engolir que Suzana matou PC e se matou, num ato de paixão desvairada.

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