São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997 |
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Brasil resiste em abrir setor financeiro
CELSO PINTO
Ele veio à reunião do FMI-Bird em Hong Kong para tentar convencer os países de que a crise asiática não é uma boa razão para temer a abertura dos mercados financeiros. Entre os encontros que teve, conversou com o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Ruggiero disse à Folha que o encontro foi positivo, mas que o Brasil tem dificuldades para se comprometer a abrir seu mercado financeiro a estrangeiros. O que não deixa de ser uma ironia. Além de permitir a entrada recente de grandes bancos no Brasil, como o HSBC e o Santander, o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, já declarou que é contra a imposição de qualquer limite à participação externa nos bancos. A relutância brasileira, como lembrou Ruggiero, é assinar um compromisso internacional que cristalize o compromisso da abertura. Na América Latina, a Colômbia e o Chile também não fizeram ofertas de abertura. A OMC tem até o dia 12 de dezembro para tentar chegar a um acordo sobre a abertura dos serviços financeiros (Gats, na sigla em inglês). Ruggiero disse que, além dos 97 países comprometidos, obteve a promessa de vários países de que apresentariam propostas até novembro. Argumentos Ruggiero argumentou, em Hong Kong, que a abertura do setor financeiro não tem nada a ver com a liberdade de movimentos de capitais, nem implica ter menos regulação prudencial nos sistemas. Lembrou estudo do Bird que sugere que países com sistemas mais internacionalizados estão menos sujeitos a instabilidades. A primeira rodada de negociação do Gats, no âmbito da Rodada do Uruguai que acabou criando a OMC, terminou de forma insatisfatória. Houve um acordo provisório em 95, mas decidiu-se por nova rodada de negociações porque os EUA, entre outros, considerou o acordo insuficiente. A terceira rodada de negociações vence em dezembro deste ano. As ofertas que foram feitas ao longo dessas negociações continuam na mesa, mas, se esta rodada fracassar, tudo volta à estaca zero. Ruggiero admitiu que há resistências e receios por parte de vários países. Mas assegurou que a intenção é permitir flexibilidade nos programas de abertura do setor financeiro. Por exemplo, com gradualismo na implementação do compromisso de abertura. Em relação às negociações da China com a OMC, Ruggiero disse que há dificuldades, ainda, tanto na discussão de acesso ao mercado, como na liberalização do setor de serviços, incluindo telecomunicações e energia. Os chineses devem apresentar novas propostas no início de novembro. Texto Anterior: Dono da Encol diz que pagou dívida de irmão Próximo Texto: Rupia mais barata favorece as exportações da Indonésia Índice |
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