São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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"Dispenso astros no elenco", diz Thornton

ELAINE GUERINI
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

A estatueta do Oscar que Billy Bob Thornton, 41, conquistou neste ano com "Na Corda Bamba" -na categoria de melhor roteiro adaptado- foi parar no cofre de um banco.
"Não tenho endereço fixo. Vivo de um lado para o outro", contou o ator, roteirista e diretor norte-americano, em entrevista à Folha, em Los Angeles.
Bem-humorado, Thornton disse que sua vida não mudou quase nada desde a inesperada premiação. "Depois de dez anos de estrada, passei a existir para Hollywood, mas continuo perdendo muito tempo diante da televisão."
O ator disse que, enquanto fazia uma ponta em um filme, em que tinha apenas quatro falas, teve a idéia de criar Karl Childers, o protagonista de "Na Corda Bamba".
"Estava me sentindo um idiota, vestido de condutor de trem, e comecei a fazer caretas diante de um espelho."
Para compor o personagem, que também rendeu a Thornton uma indicação ao Oscar de melhor ator, ele mudou a postura, a voz e a expressão do rosto, ganhando um aspecto de homem mentalmente perturbado.
"Não gosto quando os personagens que interpreto são fisicamente parecidos comigo. Sempre que posso, dou um jeito de piorar", disse o ator, que vive um mecânico gordo e com os dentes amarelados em "U-Turn", thriller dirigido por Oliver Stone que estréia no Brasil em 21 de novembro.
Como ator, Thornton ainda trabalhou em "Proposta Indecente", "Tombstone", "Mil Elos - O Preço da Liberdade" e "Um Passo em Falso" -sendo que o roteiro desse último foi escrito por ele em parceria com Tom Epperson.
Sobre a estréia na direção com "Na Corda Bamba", Thornton contou que o trabalho o ajudou a compreender melhor o processo cinematográfico. "Também ficou mais fácil entender agora quando um diretor me pede para fazer algo estranho no set."
Thornton afirmou que, apesar de preferir dirigir só os filmes que escreve, estuda algumas propostas para assinar outras histórias.
"Já disse que só dirijo se puder fazer do meu jeito. Quero um orçamento pequeno ("Na Corda Bamba" custou menos de US$ 1 milhão) e dispenso astros e estrelas no elenco."
Após revelar que trabalhou por três dólares a hora antes de iniciar a carreira no cinema, Billy Bob Thornton reclama do dinheiro gasto nas produções de Hollywood. "Fazer um filme interessante não custa tanto. Os atores tentam fazer a coisa parecer mais difícil do que é apenas para justificar os cachês."

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