São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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O forrobodó Chicão e Adelaide

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Meteram a mãe -e até o pai- no meio do bate-boca de ontem entre os deputados Carlos Apolinário, relator da lei eleitoral, e Luís Eduardo Magalhães, líder do governo, dentro do plenário.
Apolinário citou a compra de votos e o Proer para o Banco Econômico (que chamou de "Nacional"). Luís Eduardo respondeu que o outro era "corrupto, chantagista e farsante".
Papai ACM não gostou. Do outro lado do Congresso, vociferou: "Esse Apolinário é um ladrão".
A torcida mal sabia que o pretexto era a derrota do governo na lei eleitoral, mas adorou. Até porque já vinha animada desde a véspera pelo forrobodó Chicão e Adelaide.
No Senado, o plenário havia mantido a mamata das aposentadorias especiais para os magistrados.
Na Câmara, a CCJ absolvera Chicão Brígido, mantendo a continuação do processo contra a suplente Adelaide. Ela nem mais deputada é. Fica o dito pelo não dito.
Chicão levou a bagatela de R$ 200 mil para fazer o que já faria de graça mesmo: votar a favor da emenda da reeleição. Mas ele é pródigo, e o processo que ele acaba de ganhar é outro, pelo qual é acusado de embolsar metade da remuneração da sua suplente e a maior parte dos salários dos próprios funcionários do gabinete.
Não bastassem fitas gravadas, depoimentos, contracheques, Chicão era réu confesso. Confessou tudo, tudinho. Ele era condenável não só pelo regimento, mas pela própria Constituição.
O relator Jarbas Lima (PPB-RS), que defendeu a cassação, avisa que ninguém mais o pega para Cristo num outro caso do gênero.
"Julgar já é doloroso em si. Julgar um deputado eleito pelo povo, mais ainda. Julgar um colega, nem se fala", desabafava ontem. "Mas o pior é você ter a coragem de aplicar a lei e depois tudo virar uma palhaçada."
A CCJ jogou fora a Constituição e a Justiça. É o vale-tudo. O Congresso, que faz as leis, não tem mais lei.
*
Resultado da reunião de ontem das esquerdas: nem Lula nem Ciro Gomes. Mas quem?

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