São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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Faça um ajuste nas suas finanças em 99

DA REDAÇÃO

Com a recessão encomendada pelo governo, programe-se para enfrentar dias difíceis

Quem se acostumou a gastar mais do que ganha deve tratar de abandonar logo esse hábito. Se as previsões dos economistas se confirmarem, o ajuste fiscal anunciado pelo governo para 99 trará recessão e desemprego a reboque. De que seu bolso será afetado nessa situação não tenha dúvida. Mas, com planejamento, disciplina e rigor nos gastos, o impacto de um quadro recessivo nas suas finanças pode ser minimizado.
Siga a receita do governo e faça um ajuste também dentro de sua casa. Consultores dizem que, em nenhum momento, o orçamento doméstico deve consumir um percentual superior a 75% da renda líquida do assalariado.
Analistas financeiros sugerem que, independentemente da renda familiar, 12% líquidos desse valor devem ser investidos, se o assalariado quiser garantir sonhos de consumo (como o da casa própria, o de viagens etc.) ou a complementação da aposentadoria.
"Não dá mais para fazer vista grossa à crise", diz Marcos Silvestre, economista-chefe da Forex Financial Services, consultoria especializada em fazer planejamento de finanças pessoais. "Em 99, é preciso enxugar gastos e fazer um programa preventivo contra o desemprego, para não se arriscar a ficar com dificuldades financeiras", diz ele.
Ponha na lista
Cortar gastos não significa, necessariamente, perder a qualidade de vida nem o bom humor (leia texto nesta página). Mas é preciso dar um basta às compras feitas por hábito ou impulso. Desvie os olhos daqueles produtos supérfluos, que não lhe proporcionem satisfação.
Para evitar o sentimento de privação, ponha as prioridades de consumo na lista, sugere a escritora americana Carol Keeffe em seu livro "Faça o máximo com o que dinheiro que você já tem"."Sabemos que não podemos ter tudo, por isso aquelas coisas que realmente queremos são colocadas na lista e passam a ter prioridade", diz ela. As outras caem fora.
Pequenas economias podem resultar em grandes ganhos. Acompanhe, na tabela ao lado, a economia que uma família com renda mensal de R$ 5.000 pode fazer enxugando despesas de manutenção básica da casa, de lazer, transporte etc -R$ 1.800!
Se a família hipotética investisse esse dinheiro no mercado financeiro, aproveitando a alta dos juros, teria um rendimento, em um ano, de 23,8% numa aplicação de risco conservador ou de 32,3% numa de risco agressivo (veja quadro abaixo).
Voto de pobreza
"A recessão está encomendada; o brasileiro precisa rever seu orçamento e cortar despesas não essenciais, tais como alimentação fora de casa, academia, vestuário", diz Edinardo Figueiredo, diretor da Linear Investimentos.
Em 99, emenda Marcelo Giufrida, vice-presidente-executivo da CCF Asset Management, o assalariado terá de fazer "um voto de pobreza" e administrar o risco do desemprego. Seu conselho é "entre mais cedo e saia mais tarde do trabalho".
"O desemprego pode bater na porta de qualquer um. O momento requer controle de gastos e formação de uma reserva financeira, para cobrir um eventual período de desemprego", diz ele.
Projeções de economistas dão conta de que o índice de desemprego pode dobrar em 99. Daí a insistência em prever essa situação ao discutir o planejamento financeiro. Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sociecônomicos), o prazo médio de recolocação em São Paulo é de 40 semanas -10 meses.
Quem procura a consultoria de empresas que administram finanças pessoais é aconselhado, neste momento, a fazer uma provisão que lhe garanta a cobertura do orçamento doméstico por um período de um ano. "Aquela velha idéia de que o desemprego só atinge funcionários com baixa produtividade é coisa do passado; hoje, todo mundo está sujeito a ficar uma temporada na rua", diz Marcos Silvestre, da Forex.

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