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Espetáculos chilenos apresentados no Mirada chegam aos palcos de São Paulo

São Paulo recebe hoje e amanhã duas peças chilenas integrantes do Mirada, Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos, que foi encerrado no dia 15.

"El Olivo", do grupo Teatro Niño Proletario, e "Gêmeos", do Teatro Cinema, lançam olhares inusitados sobre a realidade do Chile.

A primeira peça apresenta o cotidiano tedioso de Olivo, um pequena cidade do interior. O enredo tragicômico se desenrola em um bar. Enfoca personagens que recorrem ao álcool como única alternativa para distração.

"Nada acontece em lugares longínquos da capital, como o retratado. São cidades esquecidas, povos mortos", diz Luis Guenel, diretor do grupo.

Já "Gêmeos" dá continuidade ao intuito de fundir os limites entre filmes e cinema. O grupo Teatro Cinema, que já esteve no país com "Sin Sangre", apresenta mais um espetáculo de forte impacto imagético.

A história se apresenta num pequeno teatro de marionetes. Seus protagonistas, dois irmãos gêmeos hostilizados pela avó em plena guerra, agem como bonecos, com gestual mecanizado.

A qualidade dos espetáculos é inegável, mas nenhum dos dois possui o vigor de obras como "Sem Título, Técnica Mista", do tradicional grupo peruano Yuyachkani, e "Amarillo", do mexicano Teatro Línea de Sombra, os grandes destaques da segunda edição do Mirada.

Nestes trabalhos, os aspectos políticos que norteiam o teatro latino-americano da última metade do século 20 surge em nova roupagem, no formato de instalações cênicas. Linguagens artísticas diversas unem forças, criando novas realidades em cena.