São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010 |
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CRÍTICA RETROSPECTIVA Fama internacional deu para Polanski crédito para inovar Sala Cinemateca e Centro Cultural SP exibem filmes do diretor desde a estreia em longa com "A Faca na Água"
INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA Roman Polanski é, desde o início, uma espécie de príncipe torto do cinema mundial. Não falemos da infância (em grande parte retomada em "O Pianista"). Fato é que, tendo sobrevivido à guerra quase por milagre, se torna ator e acaba na escola de cinema de Lodz, na Polônia. Já notado nos festivais internacionais pelos curtas, tem com "A Faca na Água" (1962), longa de estreia, uma experiência paradoxal: a Polônia torce o nariz (em parte pelo clima tenso entre os personagens do filme, coisa que desagrada ao regime socialista lá instalado), mas os festivais internacionais o recebem com entusiasmo. Trocando a seguir a Polônia pela Europa, Polanski também começa a realizar sua vocação metropolitana. Nascido na França de pai polonês, tendo crescido num gueto judeu na Cracóvia, parte para a Inglaterra, onde dirigirá "Repulsa ao Sexo" (1965) e "Armadilha do Destino" (1966), com as irmãs Catherine Deneuve e Françoise Dorleac, respectivamente. Nesses filmes, muito da obra (e vida) futura já se manifesta: a sexualidade (como questão), no primeiro, e o insólito, no segundo. O êxito de ambos o credencia a invadir os EUA com todas as honras. A comédia "A Dança dos Vampiros" (1967) lança um olhar original ao mundo do terror. Ele mesmo viria a renovar e ampliar o gênero com "O Bebê de Rosemary" (1968), uma das mais sinistras histórias já filmadas. O fato de viver em seguida uma tragédia pessoal, com o assassinato de Sharon Tate, abala-o, mas não deprime a carreira. O sucesso na Europa continua com "Macbeth" (1971) e "Quê?" (1972), que precedem dois sucessos: o noir "Chinatown" (1974) e o terror (mais de sugestão) "O Inquilino" (1976). Depois de fugir dos EUA durante um processo por questões sexuais, faz em 1979 "Tess". O que vem depois são obras menores, como "Piratas" (1986) -a quase ideia fixa da necessidade de um cinema europeu "de espetáculo", que contraponha Hollywood-, o casamento com Emmanuelle Seigner, os filhos e a consagração com "O Pianista" (2002). Um fim de carreira cuja dignidade burguesa o reaparecimento do velho processo nos EUA e a recente prisão vieram toldar. Polanski não nasceu para viver em paz. RETROSPECTIVA ROMAN POLANSKI QUANDO de 2 a 27 de junho ONDE na Cinemateca Brasileira (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 3512-6111) e no Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002) QUANTO grátis CLASSIFICAÇÃO confira em www.cinemateca.gov.br e em www.centrocultural.sp.gov.br FOLHA.com Saiba mais sobre a vida do cineasta em Gstaad, cidade onde cumpre prisão domiciliar folha.com.br/il744502 Texto Anterior: Espetáculo racionaliza o autismo nas falas Próximo Texto: Braguinha, autor da letra de "Carinhoso", é tema da Coleção Índice |
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