|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Saint-Saëns compôs paródia musical
DA REPORTAGEM LOCAL
Camile Saint-Saëns foi um homem de notória erudição. Grande
músico -compositor, organista,
pianista-, em seus 86 anos de vida reconheciam-no também como desenhista e autor de ensaios
sobre arqueologia ou teatro.
Compôs 12 óperas, três sinfonias, cinco concertos para piano,
três para violino, dois para violoncelo e muitas peças litúrgicas.
Começou como pianista. Tornou-se amigo de Franz Lizst. Defendeu dentro da renovação do
romantismo, em que Itália e Alemanha assumiam agressivamente a vanguarda, formas musicais
essencialmente francesas.
Seus achados harmônicos são
simples. Debussy e Ravel não teriam surgido sem beber na fonte
que Saint-Saëns criou.
"O Carnaval dos Animais" é
uma paródia musical em que o
compositor caricatura formas de
Rossini ou Offenbach. Mas não é
necessário ser um especialista de
todo esse repertório para mergulhar nessa sequência de 14 peças
muito curtas e bem-humoradas.
Saint-Saëns procura fixar para
cada uma delas uma sonoridade
bem particular. O leão, primeiro a
surgir em cena, é retratado pelas
cordas graves do contrabaixo. Os
esqueletos, pelo xilofone, o cisne,
pelo violoncelo, os cangurus, com
acordes que "saltam" pelo teclado
do piano. A clarineta imita o cuco.
O princípio que rege a composição de "O Carnaval" é o da analogia: os instrumentos de uma orquestra sinfônica passam a valer
na medida em que insinuam a
presença ou reproduzem os sons
mais complexos da natureza.
Aqueles, justamente, produzidos
pelos bichos.
(JOÃO BATISTA NATALI)
Texto Anterior: Sinfonia Animal Próximo Texto: Giro Gourmet: Pratos apimentados esquentam ainda mais o verão Índice
|