São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2000

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Saint-Saëns compôs paródia musical

DA REPORTAGEM LOCAL

Camile Saint-Saëns foi um homem de notória erudição. Grande músico -compositor, organista, pianista-, em seus 86 anos de vida reconheciam-no também como desenhista e autor de ensaios sobre arqueologia ou teatro.
Compôs 12 óperas, três sinfonias, cinco concertos para piano, três para violino, dois para violoncelo e muitas peças litúrgicas.
Começou como pianista. Tornou-se amigo de Franz Lizst. Defendeu dentro da renovação do romantismo, em que Itália e Alemanha assumiam agressivamente a vanguarda, formas musicais essencialmente francesas.
Seus achados harmônicos são simples. Debussy e Ravel não teriam surgido sem beber na fonte que Saint-Saëns criou.
"O Carnaval dos Animais" é uma paródia musical em que o compositor caricatura formas de Rossini ou Offenbach. Mas não é necessário ser um especialista de todo esse repertório para mergulhar nessa sequência de 14 peças muito curtas e bem-humoradas.
Saint-Saëns procura fixar para cada uma delas uma sonoridade bem particular. O leão, primeiro a surgir em cena, é retratado pelas cordas graves do contrabaixo. Os esqueletos, pelo xilofone, o cisne, pelo violoncelo, os cangurus, com acordes que "saltam" pelo teclado do piano. A clarineta imita o cuco.
O princípio que rege a composição de "O Carnaval" é o da analogia: os instrumentos de uma orquestra sinfônica passam a valer na medida em que insinuam a presença ou reproduzem os sons mais complexos da natureza. Aqueles, justamente, produzidos pelos bichos.
(JOÃO BATISTA NATALI)


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