São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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Estréia montagem de Kesselring

DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém aceita impunemente o convite dessas simpáticas velhinhas. Nem Ana Lúcia Torre e Denise Weinberg, outrora cúmplices em dramas do grupo Tapa, agora metidas na casa do crime.
Elas contracenam na alta comédia do americano Joseph Kesselring (1902-1967), um clássico da Broadway nos anos 30 e 40 do século 20, sobre as aparentemente ingênuas donas-da-casa que alugam quartos para senhores solitários, atraídos por anúncio.
Além do teto e da companhia, os hóspedes recebem uma passagem desta para melhor por meio de uma dose de veneno. As velhinhas agem com álibi de pôr fim à solidão alheia.
Eis uma breve introdução das reviravoltas do enredo de "Arsênico e Alfazema", em nova montagem a partir de amanhã no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, sob direção de Alexandre Reinecke.
Abby (Weinberg) e Martha Brewster (Torre) moram com o sobrinho Teddy (Flávio Faustinoni), que acredita ser o presidente Roosevelt. Ele é o coveiro das tias, ajuda a despachar os cadáveres no porão, área da casa que imagina abrigar as comportas do Canal do Panamá. Surreal. "A peça bate de leve no poderio norte-americano. Aquela coisa de dominar o Panamá para a construção do canal é o tipo de intervenção que vemos atualmente às claras", diz Reinecke, 35, intérprete de Teddy numa montagem de 1996, dirigida por Roney Facchini.
A confusão aumenta quando Mortimer (Paulo Coronato), irmão de Teddy e crítico de teatro, chega com a vizinha Elaine (Bárbara Paz) para anunciar seu casamento e descobre os assassinatos. Lá pelas tantas, bate à porta Johnatan (Renato Caldas), o terceiro irmão, em busca de refúgio: trata-se de assassino procurado pela polícia.Traz consigo um cadáver e o fiel escudeiro dr. Einstein (Ary França), cirurgião plástico inescrupuloso, que transforma o rosto a cada novo crime cometido.
Há vaga ainda nessa fiada de humor macabro, para a figura de O'Hara (Henrique Stroeter), atrapalhado sargento da polícia que quer se tornar dramaturgo e anseia pela ajuda de Mortimer, o crítico teatral -que odeia teatro!
A encenação faz referências ao cinema, em especial à versão do diretor norte-americano Frank Capra para "Arsênico e Alfazema", de 1944. Predomina o realismo preto-e-branco no cenário, figurinos, maquiagem etc.
(VS)


ARSÊNICO E ALFAZEMA. De: Joseph Kesselring. Quando: estréia amanhã; de qui. a sáb., às 20h, e dom., às 19h. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651). Quanto: R$ 15.


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