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Estréia montagem de Kesselring
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém aceita impunemente
o convite dessas simpáticas velhinhas. Nem Ana Lúcia Torre e Denise Weinberg, outrora cúmplices
em dramas do grupo Tapa, agora
metidas na casa do crime.
Elas contracenam na alta comédia do americano Joseph Kesselring (1902-1967), um clássico da
Broadway nos anos 30 e 40 do século 20, sobre as aparentemente
ingênuas donas-da-casa que alugam quartos para senhores solitários, atraídos por anúncio.
Além do teto e da companhia,
os hóspedes recebem uma passagem desta para melhor por meio
de uma dose de veneno. As velhinhas agem com álibi de pôr fim à
solidão alheia.
Eis uma breve introdução das
reviravoltas do enredo de "Arsênico e Alfazema", em nova montagem a partir de amanhã no teatro do Centro Cultural Banco do
Brasil, em São Paulo, sob direção
de Alexandre Reinecke.
Abby (Weinberg) e Martha
Brewster (Torre) moram com o
sobrinho Teddy (Flávio Faustinoni), que acredita ser o presidente
Roosevelt. Ele é o coveiro das tias,
ajuda a despachar os cadáveres no
porão, área da casa que imagina
abrigar as comportas do Canal do
Panamá. Surreal. "A peça bate de
leve no poderio norte-americano.
Aquela coisa de dominar o Panamá para a construção do canal é o
tipo de intervenção que vemos
atualmente às claras", diz Reinecke, 35, intérprete de Teddy numa
montagem de 1996, dirigida por
Roney Facchini.
A confusão aumenta quando
Mortimer (Paulo Coronato), irmão de Teddy e crítico de teatro,
chega com a vizinha Elaine (Bárbara Paz) para anunciar seu casamento e descobre os assassinatos.
Lá pelas tantas, bate à porta Johnatan (Renato Caldas), o terceiro
irmão, em busca de refúgio: trata-se de assassino procurado pela
polícia.Traz consigo um cadáver e
o fiel escudeiro dr. Einstein (Ary
França), cirurgião plástico inescrupuloso, que transforma o rosto a cada novo crime cometido.
Há vaga ainda nessa fiada de
humor macabro, para a figura de
O'Hara (Henrique Stroeter), atrapalhado sargento da polícia que
quer se tornar dramaturgo e anseia pela ajuda de Mortimer, o crítico teatral -que odeia teatro!
A encenação faz referências ao
cinema, em especial à versão do
diretor norte-americano Frank
Capra para "Arsênico e Alfazema", de 1944. Predomina o realismo preto-e-branco no cenário, figurinos, maquiagem etc.
(VS)
ARSÊNICO E ALFAZEMA. De: Joseph
Kesselring. Quando: estréia amanhã; de
qui. a sáb., às 20h, e dom., às 19h. Onde:
CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651). Quanto: R$ 15.
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