São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"O Vigilante Rodoviário" volta a circular hoje em mostra e debate

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Caso patrulhassem as rodovias brasileiras dos dias de hoje, é bem provável que o tenente aposentado Carlos Miranda e seu cão Lobo fossem atropelados por alguma jamanta roubada por ladrões.
A mostra que o Sesc Ipiranga inicia hoje, com cinco episódios da série pioneira "O Vigilante Rodoviária", e um debate com seu ator principal provam que, em 1961, quem derrubava os passantes era a equipe de produção.
"Na época, só havia séries norte-americanas. De repente, um "Brazilsinho" resolveu enfrentar essa potência, com estrondoso sucesso", diz Miranda, 71. "Foi uma ousadia, não tínhamos recursos nenhum. "Vigilante" era dez vezes mais cara do que uma série americana." Entre 1961 e 62, "Vigilante" foi exibida pela TV Tupi, transformando-se na primeira série do país produzida para a TV.
Foram filmados 38 episódios, dos quais 25 estão preservados. Entre esses, a mostra exibe "A História do Lobo", "Pânico no Ring", "Bola de Meia", "A Chantagem" e "A Repórter".
"Não tínhamos nada autenticamente produzido no Brasil. "O Vigilante" surgiu de uma necessidade de termos personagens com cor local, alguém que se chamasse "João" ou "José"."
Inicialmente, a série tinha como público-alvo as crianças. Com o tempo, os adultos começaram a se interessar pelas aventuras hoje românticas do vigilante -a bordo de uma moto Harley Davidson de 1952 ou um Simca Chambord, o personagem enfrentava vilões ao zelar pela segurança nas rodovias.
"Nos dias de hoje, a série não teria audiência. Como a catástrofe e a violência predominam na TV, o Vigilante, com aquela cara bonachona, não pegaria." Ele é o maior exemplo de ator que é "contaminado" pelo personagem. Após a série, em que ganhava dois salários mínimos por episódio, Miranda realmente fez carreira na Polícia Rodoviária. "Naquele tempo, era um trabalho bonito."
Hoje, o tenente aposentado faz apresentações esporádicas pelo Brasil para manter a memória do Vigilante viva. "Sem patrocínio, fica difícil. Boto dinheiro do meu próprio bolso", conta.


VIGILANTE RODOVIÁRIO. Mostra com cinco episódios da série. Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel.: 3340-2000). Quando: hoje e dias 20 e 27, às 15h. Debate com Carlos Miranda, hoje, após a exibição do programa. Quanto: entrada franca.


Texto Anterior: O Mundo dos Quadrinhos privilegia Brasil
Próximo Texto: Cinema/"Espelho d'Água": Filme faz retrato superficial de temas caros ao Nordeste brasileiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.