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DANÇA
Coreografia do belga Frédéric Flamand e da arquiteta iraquiana Zaha Hadid subverte espaço do palco sem sair dele
Arquitetura define cena em "Metapolis"
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Eles não só desejam subverter o
espaço do palco italiano como fazem isso sem precisar sair dele. A
tradicional caixa-preta em que
tantas vezes assistimos a espetáculos pode sim ser expandida, minimizada e esgarçada em seus
mais diferentes ângulos.
"Metapolis", espetáculo da
companhia de dança contemporânea Charleroi Danses - Plan K, é
a prova de que se pode brincar
com a profundidade e a dimensão
de um espaço já delimitado.
Dirigida e fundada pelo belga
Frédéric Flamand, o grupo apresenta de amanhã a domingo, no
Teatro Alfa, em São Paulo, criação
de 2000 em parceria com a arquiteta iraquiana Zaha Hadid.
Com recursos cênicos relativamente simples, como o uso de
sombras e projeções, Flamand
multiplica bailarinos e os faz
"dançar e vestir feixes de luz".
Em determinada cena, um movimentado túnel repleto de carros
é o espaço em que a bailarina dança. Merece explicação: deitada sobre um pano estendido no chão,
sua imagem é projetada no fundo
do palco sob a imagem de carros
em movimento. Daí se brinca
com os passos e a imaginação, como quando ela consegue "fechar"
a entrada desse mesmo túnel como quem junta um grande lençol.
Em "Metapolis", a cena é construída com base em uma cidade
utópica. Nela, há jogos que contrastam indivíduo e multidão, ordem e caos, fluidez e ruptura.
Flamand é o tipo de coreógrafo
que estimula o diálogo entre as artes. Nada ali é só dança. Artes
plásticas, teatro, música e intervenções audiovisuais colaboram
com a hibridez de suas peças.
"Vivemos no século 21, onde, algumas vezes, a imagem é mais
importante do que a realidade",
disse o coreógrafo em entrevista à
Folha na semana passada. Flamand contou também que chamou Hadid porque a arquiteta
tem o movimento como ponto de
partida de suas obras. Para ele, as
três pontes que são deslocadas em
cena são também metáforas dos
diferentes contatos do mundo.
Nascido em Bruxelas em 1946,
seis anos após a criação do Plan K
(1973), Flamand criou o La Raffinerie, centro de pesquisas. Em
1991 foi nomeado diretor artístico
do Ballet Royal de Wallonie, que
unido a seu antigo grupo, deu origem ao Charleroi Danses - Plan K.
"Metapolis" mostra como malabarismos cênicos podem fazer
uma dança mais dinâmica.
METAPOLIS. Espetáculo de dança com
intervenções arquitetônicas de Zaha
Hadid. Quando: sexta e sábado, às 21h, e
domingo às 18h. Onde: Teatro Alfa (r.
Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel.
5693-4000). Quanto: de R$ 30 a R$ 80.
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