São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"Xuxa Gêmeas"

Xuxa vem em dobro, mas está mais inofensiva do que nos outros filmes

"Xuxa Gêmeas" tem mensagem menos comercial e se aproxima dos Trapalhões

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se uma Xuxa incomoda muita gente, duas Xuxas incomodam muito menos, por incrível que pareça. "Xuxa Gêmeas", que estreou ontem nos cinemas, é o melhor de seus filmes.
Se isso é um grande elogio, já é outra conversa. Mas, pela primeira vez nas mãos do diretor Jorge Fernando, a loira provoca menos "efeitos colaterais" nocivos em seus "baixinhos".
Com roteiro de Flávio de Souza ("Ilha Rá-Tim-Bum"), Patrícia Travassos e Jorge Fernando, o novo filme nem de longe lembra "Popstars" (2000), provavelmente o pior de todos, um verdadeiro supermercado de merchandisings gerenciado por Marlene Mattos. Outra vantagem: "Xuxa Gêmeas" finalmente abandona as fábulas capengas ("Duendes", "Abracadabra") que queriam colar na loira a imagem de fada.
"Xuxa Gêmeas" é uma comédia e conta a história de duas irmãs separadas quando bebês. A que se perde da família acaba criada no meio de um circo e depois mora numa favela carioca (apesar de o interior da casa parecer mais um descolado bangalô de Trancoso). É a boazinha, obviamente. A outra, que viveu com os pais ricos, torna-se uma perua. É a vilã, claro. Já adultas, reencontram-se e acabam apaixonadas pelo mesmo galã, um mágico interpretado pelo simpático Murilo Rosa.
Também está OK na fita a cantora Ivete Sangalo, amiga íntima da apresentadora.
Xuxa, depois de virar quase coadjuvante na produção anterior, "Xuxa e a Cidade do Ouro Perdida" (2004), volta ao centro e pela primeira vez topa fazer o papel de "vilã". Outra mudança foi ter concordado em ser dirigida de fato e até ensaiado o texto antes de filmar. O longa tem uma corrida pelo ouro, na verdade um diamante do pai das gêmeas perdido em um antiquário e é repleto de gags circenses. No fim, o ritmo desanda: a confusão se resolve abruptamente, com numa redação em que o aluno cria uma história muito mirabolante e de repente percebe ter apenas duas linhas para resolvê-la.
Para resumir, se você não é um pai que vete Xuxa, vá ao cinema mais tranqüilo. Mas se é daqueles que proíbem o acesso das crianças a esse produto, não precisa mudar de idéia.


XUXA GÊMEAS  
Direção: Jorge Fernando
Produção: Brasil, 2006
Com: Xuxa Meneghel, Ivete Sangalo


Texto Anterior: Crítica/"Time": Coreano Kim Ki-duk intercala boas idéias e clichês orientais pra turista
Próximo Texto: Crítica/teatro/"O Círculo de Giz Caucasiano": Latão celebra Bertolt Brecht
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.