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ERUDITO
Uma das mais destacadas mezzo-sopranos da atualidade, a norte-americana mostra um repertório diversificado
Jennifer Larmore entoa floreios de Rossini
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Beleza física, timbre aveludado,
boa presença de palco e facilidade
para coloraturas: uma das mais
destacadas mezzo-sopranos da
atualidade, a norte-americana
Jennifer Larmore, 43, dá três recitais no Cultura Artística.
Acompanhada pelo pianista
francês Antoine Palloc, 33, Larmore abre seus concertos em São
Paulo com a ornamentada ária
"Eccomi Alfin in Babilonia", da
ópera "Semiramide", do compositor ao qual seu nome é mais comumente associado: Rossini.
A escrita de Rossini é rica em
coloratura, ou seja, em ornamentação vocal floreada, amplamente
empregada na ópera no século 18
e nos compositores italianos do
período do "bel canto", como o
próprio Rossini e Donizetti.
"Poder cantar coloratura é, antes de tudo, um fenômeno natural", diz Larmore. "Graças a Deus,
essa capacidade sempre esteve em
minha voz, desde os 14 anos."
Não por acaso, as últimas óperas gravadas pela mezzo-soprano,
para o selo Opera Rara, são ricas
nesse tipo de escrita: "Bianca e Falliero" e "Elisabetta, Regina d'Inghilterra", de Rossini, e "Carlo di
Borgogna", de Pacini.
Contudo, desde o início de sua
carreira, em 1986, Larmore desenvolveu também um repertório
mais amplo, e é isso que ela quer
mostrar em São Paulo, interpretando também Mozart, autores
norte-americanos, a "chanson"
francesa, de Debussy, Gounod e
Fauré, além de uma canção do argentino Carlos Guastavino e um
ciclo do catalão Xavier Montsalvatge, morto em maio deste ano.
"Fico feliz com o fato de que,
embora minha voz tenha se tornado maior e mais escura, abrindo uma gama maior de possibilidades, eu ainda consiga cantar os
papéis com coloratura do início
da carreira", afirma. "Como as
cordas vocais só ficam prontas
aos 35 anos de idade, no começo,
a gente nunca sabe direito como
vai se desenvolver vocalmente. Eu
achava que minha voz fosse se
tornar mais aguda, mas isso não
aconteceu: comecei como mezzo-soprano, e assim vou continuar."
Tendo cantado na abertura dos
Jogos Olímpicos de 1996, em
Atlanta, sua cidade natal, Jennifer
Larmore é uma presença constante nas principais casas de ópera do
planeta. Neste ano, no Metropolitan de Nova York, ela aparece, em
dezembro, em uma montagem da
opereta "Die Fledermaus" ("O
Morcego"), de Johann Strauss 2.
Para a multinacional Warner
Classics, ela acaba de registrar um
álbum de árias francesas.
JENNIFER LARMORE. Recital da mezzo-soprano com o pianista Antoine Palloc.
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor
Pestana, 196, tel. 3256-0223). Quando:
hoje, seg. e qua., às 21h. Quanto: de R$
90 a R$ 180 (R$ 10 para estudantes até 30
anos, meia hora antes dos concertos).
Patrocinadores: Bovespa, Votorantim e
Telefonica.
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