São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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ERUDITO

Uma das mais destacadas mezzo-sopranos da atualidade, a norte-americana mostra um repertório diversificado

Jennifer Larmore entoa floreios de Rossini

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Beleza física, timbre aveludado, boa presença de palco e facilidade para coloraturas: uma das mais destacadas mezzo-sopranos da atualidade, a norte-americana Jennifer Larmore, 43, dá três recitais no Cultura Artística.
Acompanhada pelo pianista francês Antoine Palloc, 33, Larmore abre seus concertos em São Paulo com a ornamentada ária "Eccomi Alfin in Babilonia", da ópera "Semiramide", do compositor ao qual seu nome é mais comumente associado: Rossini.
A escrita de Rossini é rica em coloratura, ou seja, em ornamentação vocal floreada, amplamente empregada na ópera no século 18 e nos compositores italianos do período do "bel canto", como o próprio Rossini e Donizetti.
"Poder cantar coloratura é, antes de tudo, um fenômeno natural", diz Larmore. "Graças a Deus, essa capacidade sempre esteve em minha voz, desde os 14 anos."
Não por acaso, as últimas óperas gravadas pela mezzo-soprano, para o selo Opera Rara, são ricas nesse tipo de escrita: "Bianca e Falliero" e "Elisabetta, Regina d'Inghilterra", de Rossini, e "Carlo di Borgogna", de Pacini.
Contudo, desde o início de sua carreira, em 1986, Larmore desenvolveu também um repertório mais amplo, e é isso que ela quer mostrar em São Paulo, interpretando também Mozart, autores norte-americanos, a "chanson" francesa, de Debussy, Gounod e Fauré, além de uma canção do argentino Carlos Guastavino e um ciclo do catalão Xavier Montsalvatge, morto em maio deste ano.
"Fico feliz com o fato de que, embora minha voz tenha se tornado maior e mais escura, abrindo uma gama maior de possibilidades, eu ainda consiga cantar os papéis com coloratura do início da carreira", afirma. "Como as cordas vocais só ficam prontas aos 35 anos de idade, no começo, a gente nunca sabe direito como vai se desenvolver vocalmente. Eu achava que minha voz fosse se tornar mais aguda, mas isso não aconteceu: comecei como mezzo-soprano, e assim vou continuar."
Tendo cantado na abertura dos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, sua cidade natal, Jennifer Larmore é uma presença constante nas principais casas de ópera do planeta. Neste ano, no Metropolitan de Nova York, ela aparece, em dezembro, em uma montagem da opereta "Die Fledermaus" ("O Morcego"), de Johann Strauss 2. Para a multinacional Warner Classics, ela acaba de registrar um álbum de árias francesas.


JENNIFER LARMORE. Recital da mezzo-soprano com o pianista Antoine Palloc. Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 3256-0223). Quando: hoje, seg. e qua., às 21h. Quanto: de R$ 90 a R$ 180 (R$ 10 para estudantes até 30 anos, meia hora antes dos concertos). Patrocinadores: Bovespa, Votorantim e Telefonica.



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