São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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FOTOGRAFIA

Galeria Baró Cruz apresenta retratos de Michael Wesely a partir hoje

Alemão explora autofagia da cidade

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Retratos palpáveis do passar do tempo que têm como foco metrópoles que devoram a si mesmas explodem nas imagens de Michael Wesely, cuja exposição é aberta hoje para convidados na galeria Baró Cruz, em São Paulo.
As impressionantes imagens da série "Open Shutter - MoMA [Museum of Modern Art]", realizadas entre 2001 e 2004 com câmeras fotográficas que utilizam longa exposição, revelam a ascensão do novo prédio do museu nova-iorquino, de grandes proporções, e a decorrente destruição dos prédios de pequeno porte que estavam no local. Nas fotos do artista alemão, a sobreposição de todas as construções cria um efeito quase fantasmagórico, onde o mais contemporâneo arrasa os testemunhos mais antigos.
"É quase darwinista, onde prevalece a lei do mais forte, que come o mais fraco e sobrevive", afirma Wesely, 42, um dos destaques da 25ª Bienal Internacional de São Paulo, ocorrida em 2002.
O artista alemão guia a reportagem entre detalhes de suas quatro fotos presentes na galeria. "As luzes dos carros no trânsito produzem essas longas linhas [indicando as ruas]. Ao mesmo tempo, há linhas que mostram o deslocamento do Sol [mais acima]", aponta ele, destacando o caráter quase abstrato de tais linhas na composição.
O ritmo quase autofágico da implantação do novo prédio do museu, assinado pelo japonês Yoshio Taniguchi, causou episódios no mínimo curiosos. "Um dia, me ligaram de um dos edifícios avisando que teria de tirar a câmera, pois seria demolido", conta Wesely.
Segundo ele, a narrativa de sua série em Nova York se diferencia da realizada na Potsdamer Platz, na antiga Berlim Oriental, porque a anterior guardava algo otimista. "Era a documentação da realização do sonho antigo da unificação das duas Alemanhas e sua conseqüente construção. Em Nova York, o processo todo foi mais agressivo. Lá, não é comum se colocar abaixo muitas edificações em conjunto", avalia o artista alemão, que realizou as imagens a pedido do próprio MoMA.
Já a série "German Landscapes" é quase uma construção abstrata, mas ao mesmo tempo documental, sobre paisagens da cidade de Murnau, onde Kandinsky (1866-1944) e Münter (1877-1962) criaram algumas obras-chave do expressionismo.


Michael Wesely
Quando:
hoje, abertura para convidados; de ter. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 11h às 17h. Até 31/1
Onde: galeria Baró Cruz (r. Clodomiro Amazonas, 526, tel. 3167-0830)
Quanto: entrada franca


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