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Regente aponta evolução barroca
DO ENVIADO ESPECIAL
William Christie diz que a forma de abordar o barroco evoluiu
em razão de seu amadurecimento
pessoal e da quantidade de informações acumuladas pelos pesquisadores que se interessam por esse repertório. Eis os principais trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - O sr. escreveu recentemente que fazer música barroca
equivale a um passeio por um jardim. Qual a relação entre as duas
coisas?
William Christie - A analogia é
antiga. O repertório das óperas
barrocas traz inúmeras referências aos jardins, como evocação
ou como local em que a ação
ocorre. Outra analogia está na
temporalidade. A música e os jardins são efêmeros. Uma flor têm
uma duração determinada, como
a música.
Folha - A mídia européia tem afirmado que, aos 25 anos, seu conjunto está maduro para um balanço.
Christie - O balanço é feito após
cada concerto, após cada ensaio.
Folha - Seu trabalho é hoje semelhante ao de há 25 anos, ou ele mudou em razão de sua maturidade
pessoal e das informações sobre o
barroco que apareceram?
Christie - Não somos a mesma
pessoa depois de 25 anos. Há uma
evolução, que é ao mesmo tempo
pessoal, em razão da experiência
acumulada, e baseada nas descobertas musicológicas feitas pelos
outros pesquisadores e maestros.
Hoje sabemos mais sobre o repertório dos séculos 17 e 18 do que sabíamos no final dos anos 70.
Folha - Qual a especificidade da
leitura que o sr. faz do repertório
francês, se comparada ao que fazem os pesquisadores holandeses,
alemães ou ingleses?
Christie - Trabalhamos todos
com o mesmo repertório. Há algumas exceções -os que cuidam
só da música instrumental de
Bach ou cravistas especializados
na música francesa. O que nos
distingue é a nossa personalidade,
nossa identidade musical.
(JBN)
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