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OPINIÃO
Leite deve ser um só, saudável e nutritivo
MARILENA LAZZARINI
Na terça-feira passada, o
presidente da Leite Brasil
expôs nesse espaço a sua
opinião sobre o teste
comparativo de leite pasteurizado tipo C, realizado pelo Idec e mais cinco
entidades de consumidores. Lamentavelmente, demonstrou que está
mais preocupado em
apontar a responsabilidade de
outros segmentos e desviar a atenção para outro produto (leite clandestino) do que propor soluções
para os problemas constatados em
nossa pesquisa e que dizem respeito à sua instituição.
Menos de um mês depois da divulgação de nosso teste, outra pesquisa, realizada pelo governo, confirmou que a situação é preocupante.
Para o Idec e, com certeza, para
os consumidores, a existência de
um produto de qualidade ruim do
ponto de vista sanitário (leite clandestino) não justifica que se tenha
um outro nas mesmas condições
(leite C). Ambas as situações são
inaceitáveis, devendo o consumidor, bem informado, evitar o primeiro e buscar as marcas ou tipos
de leite
pasteurizado mais
seguros.
A melhor forma para se atingir
isso são os testes comparativos das
entidades de consumidores, executados com absoluto rigor técnico e de forma independente, sendo, ainda, um instrumento poderoso a seu favor, pois obrigam os
órgãos governamentais a melhorar o seu desempenho e as empresas a aperfeiçoar a qualidade dos
seus produtos.
Em vez de investir contra as entidades de consumidores, a Leite
Brasil deveria responder com
ações para resolver o problema,
sem usar argumentos confusos e
afirmações equivocadas para justificar a situação.
Em 98, o Idec divulgou o Guia
dos Alimentos, que recomenda aos
consumidores a compra de alimentos controlados, rejeitando os
de origem clandestina.
Diante do que foi constatado no
teste do leite C, o Idec não poderia
se limitar apenas à divulgação dos
resultados. Exigimos a adoção de
medidas a curto prazo para que o
produto tenha as condições mínimas para consumo. Reivindicamos, ainda, a extinção da atual
classificação do leite no Brasil em tipos A, B e C, como já
acontece nos países desenvolvidos, para que exista
um único tipo de leite, seguro sanitariamente e de
boa qualidade nutritiva.
Não se trata de fazer
isso por decreto, sem levar em conta os interesses e as necessidades das
partes envolvidas, mas promover as mudanças desejadas pela maioria da população, respeitando-se, sobretudo, o consumidor.
As medidas sugeridas pelo Idec
foram acolhidas pelo Ministério da
Agricultura, que nos convidou a
participar do processo de definição de uma nova política para a
produção do leite no país.
A divulgação do teste lançou
uma nova perspectiva sobre o assunto e provocou um debate esclarecedor.
O Idec e as demais entidades de
consumidores vêm cumprindo o
papel que lhes cabe perante a sociedade, o que não se verifica com
outros agentes envolvidos.
Marilena Lazzarini é coordenadora-executiva
do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec).
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