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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O MARQUETEIRO
Operações financeiras no exterior serão apuradas pela Procuradoria em São Paulo
Ministério Público vai iniciar nova investigação sobre Duda
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para acelerar a investigação sobre a relação de Duda Mendonça
com caixa dois da campanha presidencial de 2002 e o esquema do
"mensalão", o Ministério Público
Federal decidiu separar a apuração de movimentações financeiras anteriores do publicitário.
Apenas as operações realizadas
por meio da conta Dusseldorf deverão permanecer no inquérito
que investiga o "mensalão" e tramita no Supremo Tribunal Federal devido ao foro privilegiado de
políticos sob suspeita de praticar
irregularidades.
O foco das novas investigações é
São Paulo, onde Duda fez fama
como publicitário do malufismo
nos anos 90 -ajudou a eleger para prefeito Paulo Maluf em 1992 e
Celso Pitta em 1996.
A idéia é que Duda, seus sócios e
familiares sejam investigados separadamente pelo Ministério Público Federal em São Paulo. No
Estado, o nome do publicitário
apareceu em inquéritos relativos
a Paulo Maluf.
Com isso, a Procuradoria Geral
da República quer dar agilidade
às investigações relativas a Duda
no inquérito que apura a suposta
mesada a deputados dentro do esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza.
Esse desmembramento da investigação não é inédito. Em dezembro, foi aberto um procedimento em separado no Ministério
Público Federal em Minas Gerais
para apurar suposta prática de
caixa dois nas eleições estaduais
de 1998. Há vários indícios de que
o esquema de Marcos Valério já
operava naquele Estado antes de
ganhar a esfera federal.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza,
que conduz o inquérito do "mensalão", defende esse desmembramento. Quando dá declarações
sobre o tema, costuma dizer que a
investigação do "mensalão" ficaria inviável se não fossem descentralizadas as apurações sobre
quem não tem foro privilegiado.
Enquanto isso, o procurador-geral diz trabalhar "todos os dias"
sobre o inquérito do "mensalão".
Citação em SP
Antes de ter seu nome envolvido no mensalão, Duda Mendonça
havia sido citado no depoimento
do doleiro Vivaldo de Souza, o Birigüi, como beneficiário de remessas ilegais de US$ 5 milhões
feitas para o exterior pelo ex-prefeito Paulo Maluf.
Em agosto, a Folha revelou o
conteúdo de depoimentos de Birigüi ao Ministério Público Federal em São Paulo, nos quais o doleiro conta em detalhes como teria feito as transferências, sempre
a pedido de Flávio Maluf, filho do
ex-prefeito.
Segundo Birigüi, o dinheiro teria sido transferido em parcelas
de cerca de US$ 840 mil, entre junho e outubro de 1998, para pagar
despesas de campanha. Repetidas
vezes, nos curso de diferentes inquéritos, o ex-prefeito nega ter
contas no exterior.
Duda na CPI
Na CPI dos Correios, o nome de
Duda Mendonça surgiu em uma
lista preparada por Marcos Valério, na qual estavam relacionados
o nome de beneficiários de
R$ 55,8 milhões de um caixa dois
administrado pelo PT e distribuído a políticos aliados e fornecedores de campanha.
Em depoimento à comissão, à
qual compareceu espontaneamente, Duda disse ter aberto a
conta Dusseldorf no sistema financeiro americano por orientação de Marcos Valério. Seria o
único caminho sinalizado ao publicitário para receber por serviços prestados às campanhas petistas em 2002.
Por meio da Dusseldorf, Duda
disse ter recebido R$ 10,5 milhões,
fruto de operações financeiras encomendadas Marcos Valério a
uma rede de doleiros.
Dono das agências de publicidade DNA e SMPB, que teriam girado o caixa dois do PT, Marcos
Valério nega a acusação de Duda.
O advogado Tales Castelo Branco, que defende Duda Mendonça,
reafirmou que seu cliente não
possui nenhuma outra conta no
exterior além da Dusseldorf. Negou também que familiares do
publicitário tenham contas no sistema financeiro americano, conforme publicou a revista "Veja"
no mês passado.
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