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CPI só consegue "promessa" dos EUA
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Após uma hora e meia de reunião com a Promotoria Distrital
de Nova York, os representantes
da CPI dos Correios nos EUA não
tiveram uma resposta afirmativa
sobre a abertura do sigilo da conta
Dusseldorf, do publicitário Duda
Mendonça. O órgão americano
prometeu analisar o pedido -o
que dependeria de autorização judicial daquele país. Os dados já foram repassados ao Ministério da
Justiça, por meio de colaboração
judicial, e disponibilizados apenas para o Ministério Público e
para a Polícia Federal.
Hoje, a comissão da CPI dos
Correios, formada pelos deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR),
Maurício Rands (PT-PE) e Eduardo Paes (PSDB-RJ) segue para
Washington, onde pedirão diretamente a órgãos do governo
americano acesso à movimentação do marqueteiro em pelo menos outra conta já bloqueada por
autoridades americanas.
De acordo com os deputados, o
Ministério da Justiça brasileiro já
pediu informações sobre outras
contas, mas não há garantia de
que os dados serão compartilhados com o Congresso.
Reunião
Na reunião de ontem em Nova
York, Serraglio, Rands e Paes tiveram de convencer o chefe da Promotoria de Nova York, Robert
Morgenthau, o promotor Adam
Kaufmann, encarregado da investigação de lavagem de dinheiro do
Brasil e outros cinco promotores
de que a CPI dos Correios não iria
vazar as informações sigilosas da
movimentação financeira de Duda Mendonça.
Apesar do clima amistoso da
negociação, brasileiros e americanos sentaram-se em lados opostos da mesa e fizeram cobranças
sobre vazamentos da CPI do Banestado e, mais recentemente, de
dados bancários de Duda Mendonça para a revista "Veja". Oficialmente, a Promotoria de Nova
York nem sequer reconhece que
existe uma investigação.
"Estamos confiantes que nos
próximos dias teremos uma resposta dos promotores", disse Serraglio. "Explicamos que a CPI tem
poder de juiz e que nós teremos
uma conduta adequada." Antes
do encontro, Paes argumentou
que era necessário fazer uma "legitimação do vazamento".
Apesar do otimismo dos deputados, a Promotoria de Nova York
está insatisfeita com a cooperação
com o Brasil. Antenor Madruga,
diretor do DRCI (Departamento
de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional) do Ministério da Justiça, chegou a ser repreendido pelas informações publicadas nas últimas semanas pela
revista "Veja".
Madruga não comentou diretamente a questão, mas defendeu a
apuração da origem do vazamento. "O vazamento deve ser investigado, mas não deve ser motivo
para não haver mais compartilhamento", disse.
Em Washington, os deputados
se reunirão com representantes
dos departamentos de Justiça, do
Tesouro e no Fincen (Financial
Crimes Enforcement Network,
equivalente ao Coaf). Para Eduardo Paes, é necessário pedir uma
investigação utilizando o Patriot
Act como respaldo. "Essa lei permite o acesso nas investigações de
terrorismo, tráfico de drogas e
corrupção política. Nós deixamos
claro que se trata de uma investigação de corrupção e que quem
colocou o dinheiro fora do país
não pode escapar", disse.
Os deputados reconheceram
que a transferência de informações pode demorar e ultrapassar o
prazo da CPI -o relatório deve
ser concluído até 20 de março. Porém, insistiram que os Estados
Unidos devem seguir investigando além do prazo da CPI.
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