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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS
Novo requerimento é reação à liminar concedida pelo STF que impediu acesso da comissão a dados bancários de amigo de Lula
CPI vota de novo quebra de sigilo de Okamotto
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A CPI dos Bingos vota hoje novo requerimento para quebrar
outra vez os sigilos bancário, fiscal
e telefônico do presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas),
Paulo Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O novo requerimento foi uma
reação da CPI à decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Nelson Jobim, que suspendeu com uma liminar na sexta-feira passada a quebra dos sigilos de Okamotto, medida que havia sido aprovada na CPI no dia 18
de janeiro por 11 votos a dois.
Tesoureiro da campanha de Lula em 1989, Okamotto afirma que
pagou do próprio bolso uma dívida de R$ 29,4 mil que o presidente
tinha com o PT relativa a gastos
pessoais, anteriores a 2003, com
viagens internacionais pagas com
dinheiro do Fundo Partidário.
A dívida foi quitada entre dezembro de 2003 e março de 2004.
A CPI quer saber se o dinheiro
veio de caixa dois abastecido pelo
empresário Marcos Valério.
A estratégia do senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT), ao
apresentar hoje novo requerimento, é incluir outras justificativas para convencer da necessidade da quebra de sigilos.
Jobim afirmou na decisão que o
primeiro requerimento indicava
"fatos com suporte apenas nas
matérias jornalísticas e no depoimento do impetrante [Okamotto]. Ainda segundo Jobim, o STF
"veda a quebra de sigilos bancários com base em matéria jornalística". Em seu novo pedido, Antero apontará as seguintes justificativas: 1) o depoimento à CPI do
economista e ex-militante petista
Paulo Tarso Venceslau sobre caixa dois supostamente operado
por Okamotto desde 1993;
2) a prestação de contas do Diretório Nacional do PT, que apresenta os pagamentos parcelados
feitos em nome de Lula;
3) um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) citando "operações
atípicas" de R$ 93 mil em nome
de Okamotto.
Irritação
Ontem, a decisão de Jobim irritou a oposição na CPI. Não houve
ataque direto ao presidente do
STF, mas críticas a Okamotto.
"Uma coisa é absolutamente certa. O senhor Okamatto é o caixa
do presidente Lula porque, se não
o fosse, seria o primeiro a abrir os
sigilos", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
O presidente nacional do PPS,
deputado Roberto Freire (PE),
advertiu ontem, por nota, que Jobim é passível de processo de impeachment, a ser aberto no Senado, por interferência "corriqueira
em decisões" do Congresso.
Jobim poderá deixar o STF para
participar das eleições. Há especulações de que poderia compor
uma chapa com Lula -embora
não seja filiado, Jobim é ligado ao
PMDB, que vem sendo assediado
por Lula para uma aliança.
Em outra decisão, o presidente
da CPI, senador Efraim Morais
(PFL-PB), disse que fará representação na OAB contra o advogado Marcos Augusto Perez, que
defende Okamotto. Anteontem, à
Folha, Perez disse que a CPI "quer
fazer circo" contra seu cliente.
"O presidente da CPI talvez tenha tomado minhas palavras com
certo exagero. O que eu disse foi
no sentido de que a CPI deve respeitar os direitos individuais das
pessoas investigadas, não pode
enveredar para o terreno do espetáculo", afirmou o advogado.
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