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JUDICIÁRIO
Medida foi impetrada por 30 desembargadores do TJ e seus parentes
Tribunal do Paraná suspende
resolução contra nepotismo
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Trinta desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná e 52
parentes empregados em seus gabinetes conseguiram ontem uma
liminar no próprio tribunal que
barra, até nova decisão, a resolução do CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) contra o nepotismo. O
Judiciário do Paraná é composto
de 120 desembargadores.
Publicada em novembro de
2005, a resolução determina aos
tribunais que demitam, até o próximo dia 14, familiares de juízes e
desembargadores que ganharam
o emprego sem concurso.
A liminar foi concedida no final
da tarde de ontem pelo desembargador Celso Rótoli de Macedo.
Na última sexta-feira, o grupo de
desembargadores e seus parentes
protocolou um mandado de segurança no TJ contra um ato do
presidente do tribunal, Tadeu
Marino Loyola Costa, que obrigava o cumprimento das demissões.
Por um decreto, Loyola Costa tinha dado prazo até a próxima
sexta para que ocupantes de cargos em comissão e função gratificada em gabinetes de juízes e desembargadores que sejam seus
parentes manifestassem a condição à presidência do Judiciário.
Defendidos pelos advogados
Romeu Fellipe Bacellar Filho e
Renato da Costa Andrade, os 82
autores da ação dizem que a resolução do CNJ é inconstitucional,
""por afrontar o princípio federativo" e por submeter os parentes à
"absurda" condição de supostos
partícipes de atos de imoralidade.
Antes da concessão da liminar,
o presidente do TJ disse, por meio
de sua assessoria, que pretende
manter o decreto judiciário e
cumprir a resolução do CNJ. Ele
procuraria as formas jurídicas para isso, caso seu decreto fosse tornado sem efeito, como foi. Loyola
Costa não voltou a falar do assunto depois da decisão de Macedo.
Da entrada na seção de distribuição, às 10h21 de sexta-feira, até
a tarde de ontem, o mandado de
segurança passou por oito dos 25
desembargadores do Órgão Especial em busca de um relator. Um a
um, sete deles devolveram o processo se declarando incompetentes para julgar, por serem parte
interessada ou manterem parentes sob as suas ordens.
""Diante do interesse na causa,
eis que minha cunhada, Eloísa
Bottmann de Paula Bueno, ocupa
cargo em comissão de secretária
desde 1986, no meu gabinete,
averbo minha suspeição para
processar e julgar", escreveu o ex-presidente do TJ-PR, Oto Luiz
Sponholz, ao recusar a relatoria.
Ex-vice-presidente do TRE e
corregedor do tribunal desde ontem, José Vidal Coelho diz ser
parte interessada por manter a sobrinha Fabíola Bassani como sua
secretária, com um salário DAS-4
(de R$ 4.696,33 ao mês). Os despachos dos outros que recusaram
a relatoria seguiram nessa linha.
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) no Paraná, Manoel Antonio de Oliveira
Franco, disse que a liminar aos
desembargadores e parentes ""não
tem legitimidade". ""O TJ é incompetente para julgar esse caso por
ser parte interessada", disse ele.
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