|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sindicalistas e petistas ocupam cargos mais altos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mais altos cargos de confiança do governo federal são
ocupados principalmente por
sindicalistas e petistas.
Considerando só os cargos
DAS 5 e 6, que são justamente o
topo da carreira no serviço público, cerca de 25% dos ocupantes são filiados a algum partido,
sendo que 80% desses funcionários são petistas. No primeiro mandato de Lula, 45% dos
DAS 5 e 6 eram sindicalizados,
número que variou para 42,8%
no segundo mandato.
Os dados fazem parte de uma
pesquisa comandada pela cientista política Maria Celina D'Araújo, professora da PUC-RJ.
Ela publicou recentemente o livro "A Elite Dirigente do Governo Lula". A maior parte dos
sindicalistas que foram nomeados é de professores (19,6%) e
bancários (10,1%).
Ocupantes dos cargos de
confiança pertenceram a centrais sindicais, especialmente à
CUT (Central Única dos Trabalhadores): no primeiro governo
Lula, 10,6% eram de centrais;
no segundo, são 12,3%.
No primeiro mandato do governo Lula, apenas 36,7% dos
filiados ao PT em cargos de
confiança já haviam ocupado
cargos do tipo anteriormente,
no segundo, esse número saltou para 82,6%. O motivo foi a
permanência nos cargos.
Segundo Maria Celina, "há
fortes pressões para que os cargos de DAS possam ser usados
como moeda política, e que essas pressões vêm também do
Congresso e dos partidos, e não
apenas do Executivo".
Ela diz, no entanto, que não
se deve tratar de forma "dicotômica e excludente os técnicos-burocratas e os políticos", já
que muitas vezes as nomeações
políticas são destinadas a técnicos. Segundo a pesquisa, a
maior parte dos cargos de confiança é ocupada por pessoas
que têm graduação universitária e pós-graduação.
Mesmo assim, a cientista política vê a necessidade de ajustes, dizendo que "o governo, pelo menos nos dois mandatos de
Lula, reúne fortes condições de
adaptar a máquina do Estado
aos interesses de seu partido".
Ela critica decreto de 2003,
que concentrou todas as nomeações de cargos de confiança
na Casa Civil, comandada então por José Dirceu.
A professora diz que a expressiva presença de sindicalistas no governo é resultado de
três processos: a incorporação
dos trabalhadores e dos sindicatos como atores do sistema
político; a intensa sindicalização no setor público a partir
dos anos 1990; e a eleição de um
ex-operário sindicalista para
presidente em 2002.
Por isso, a cientista política
conclui que essa presença é sinal de "maiores oportunidades
para os grupos sociais demandarem e participarem das políticas públicas e até do governo",
mas ressalva para o risco de
uma "uma cooptação do movimento social pelo Estado".
Texto Anterior: Outro lado: Ocupação de postos segue regra, diz pasta Próximo Texto: União dá R$ 471 mi a investigadas no DF Índice
|