São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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Dirceu se diz aliviado e volta a operar no Congresso

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As revelações sobre os métodos de investigação do subprocurador da República José Roberto Santoro levaram o ministro José Dirceu (Casa Civil), o governo e o PT a retomar a iniciativa política no Congresso, mas o apoio inicial dado pelos aliados está condicionado ao atendimento de demandas dos partidos da base. O PMDB, por exemplo, quer um terceiro ministério.
Dizendo-se aliviado, Dirceu voltou a operar politicamente no Congresso e a prometer o atendimento de antigas demandas dos aliados que integram a base de sustentação política do governo. Nas conversas com líderes partidários, o ministro admitiu a paralisia que tomou conta da Casa Civil. Alegou que ele estava em tempo integral tentando "esclarecer" o caso Waldomiro Diniz.
O motivo do "alívio"de Dirceu foi a divulgação de uma fita, pela TV Globo, na qual Santoro negocia com o empresário do jogo Carlos Cachoeira a entrega da fita original na qual Diniz, ex-assessor do ministro, pede propina ao empresário. Dirceu acredita que o conteúdo da conversa divulgada teria comprovado a tese de que ele era vítima de uma ação política do subprocurador.
A reação do governo, articulada, começou logo após o "Jornal Nacional" de anteontem. Convocados pelo Planalto, os líderes dos partidos governistas, um a um, subiram à tribuna da Câmara, que àquela altura discutia a medida provisória dos bingos, para criticar a atuação de Santoro.
Dirceu jantou com amigos, mas ontem de manhã já estava a postos no Planalto. Os aliados estavam bem articulados na Câmara, mas, por iniciativa do próprio PT, ameaçavam dar um passo em falso no Senado: a convocação de Santoro para depor na Comissão de Fiscalização da Casa. Juntamente com o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), e do PMDB, Renan Calheiros (AL), Dirceu acabou com a operação.
O preço da fatura dos aliados vai do atendimento de demandas represadas no Planalto, como a liberação das verbas para as emendas parlamentares, à exigência de que o governo apresente resultados imediatos na investigação do caso Waldomiro Diniz, para assegurar o discurso, e no inquérito sobre a atuação de Santoro que o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, mandou abrir.
O governo prometeu para ontem um decreto liberando R$ 300 milhões das emendas, que não havia sido editado até a noite. Os partidos aproveitaram para exigir o preenchimento de cargos prometidos. As maiores demandas são do PMDB, que reivindica um terceiro ministério, além de nomeações de vices-presidentes na Caixa e no Banco do Brasil, e diretores na área da Eletrobrás. Há faturas no PTB, PP e PL.
Na tentativa de retomar a iniciativa política, o governo também decidiu o nome de seu novo líder na Câmara: será o deputado Professor Luizinho (PT-SP).


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