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Dirceu se diz aliviado e volta a operar no Congresso
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As revelações sobre os métodos
de investigação do subprocurador da República José Roberto
Santoro levaram o ministro José
Dirceu (Casa Civil), o governo e o
PT a retomar a iniciativa política
no Congresso, mas o apoio inicial
dado pelos aliados está condicionado ao atendimento de demandas dos partidos da base. O
PMDB, por exemplo, quer um
terceiro ministério.
Dizendo-se aliviado, Dirceu
voltou a operar politicamente no
Congresso e a prometer o atendimento de antigas demandas dos
aliados que integram a base de
sustentação política do governo.
Nas conversas com líderes partidários, o ministro admitiu a paralisia que tomou conta da Casa Civil. Alegou que ele estava em tempo integral tentando "esclarecer"
o caso Waldomiro Diniz.
O motivo do "alívio"de Dirceu
foi a divulgação de uma fita, pela
TV Globo, na qual Santoro negocia com o empresário do jogo
Carlos Cachoeira a entrega da fita
original na qual Diniz, ex-assessor
do ministro, pede propina ao empresário. Dirceu acredita que o
conteúdo da conversa divulgada
teria comprovado a tese de que ele
era vítima de uma ação política do
subprocurador.
A reação do governo, articulada, começou logo após o "Jornal
Nacional" de anteontem. Convocados pelo Planalto, os líderes dos
partidos governistas, um a um,
subiram à tribuna da Câmara, que
àquela altura discutia a medida
provisória dos bingos, para criticar a atuação de Santoro.
Dirceu jantou com amigos, mas
ontem de manhã já estava a postos no Planalto. Os aliados estavam bem articulados na Câmara,
mas, por iniciativa do próprio PT,
ameaçavam dar um passo em falso no Senado: a convocação de
Santoro para depor na Comissão
de Fiscalização da Casa. Juntamente com o líder do governo,
Aloizio Mercadante (PT-SP), e do
PMDB, Renan Calheiros (AL),
Dirceu acabou com a operação.
O preço da fatura dos aliados vai
do atendimento de demandas represadas no Planalto, como a liberação das verbas para as emendas
parlamentares, à exigência de que
o governo apresente resultados
imediatos na investigação do caso
Waldomiro Diniz, para assegurar
o discurso, e no inquérito sobre a
atuação de Santoro que o procurador-geral da República, Cláudio
Fonteles, mandou abrir.
O governo prometeu para ontem um decreto liberando R$ 300
milhões das emendas, que não
havia sido editado até a noite. Os
partidos aproveitaram para exigir
o preenchimento de cargos prometidos. As maiores demandas
são do PMDB, que reivindica um
terceiro ministério, além de nomeações de vices-presidentes na
Caixa e no Banco do Brasil, e diretores na área da Eletrobrás. Há faturas no PTB, PP e PL.
Na tentativa de retomar a iniciativa política, o governo também
decidiu o nome de seu novo líder
na Câmara: será o deputado Professor Luizinho (PT-SP).
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