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Fonteles pede apuração contra 3 procuradores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, pediu ontem
à Corregedoria do Ministério Público Federal que apure se o subprocurador-geral da República
José Roberto Santoro e os procuradores em Brasília Marcelo Serra
Azul e Mário Lúcio Avelar cometeram falta funcional grave e ato
de improbidade administrativa.
Se considerados culpados em algum grau, a punição vai de advertências e sanções à demissão.
Fonteles enviou ofício ao corregedor-geral da instituição, Wagner Gonçalves, no qual argumenta que eles praticaram dois desvios na apuração inicial do caso
Waldomiro: violaram o princípio
do promotor natural e faltaram
com lealdade ao Ministério Público. A apuração deverá ser feita
por três subprocuradores-gerais.
Serra Azul e Santoro se defenderam em nota ontem. Avelar afirmou não conhecer o pedido e
que, por isso, não iria comentá-lo.
Fonteles cita trechos de depoimentos tomados no fim de semana anterior à remessa para a Procuradoria da República no Rio da
fita de vídeo que incrimina Waldomiro Diniz, ex-assessor da Presidência. O depoimento de Carlos
Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
cuja gravação foi revelada anteontem, não está incluído, porque
Santoro não o tinha disponível.
"Está muito claro que eles tomaram depoimentos no sábado
[7 de fevereiro]. Na segunda, [a
apuração] chega no Rio... Eu pergunto: como isso tramitou do sábado para segunda? Um deles deve ter levado debaixo do braço. O
serviço público funciona assim?"
Pelo princípio do promotor natural, segundo Fonteles, o caso
deveria ser apurado por procuradores que atuam na Justiça Federal no Rio, por envolver suspeita
de corrupção quando Waldomiro
presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), em 2002.
Ele disse que o subprocurador-geral só deve atuar perante o STJ
(Superior Tribunal de Justiça). Informou ainda que Avelar trabalha
na área de direito privado e que
Serra Azul, apesar de atuar na
área criminal em Brasília, sabia
que o caso deveria ser conduzido
no Rio e, por isso, determinou o
envio para lá. Avelar havia colhido dois depoimentos de envolvidos, anteriores ao de Cachoeira.
"Vejo o comportamento do dr.
Santoro como extremamente grave, por violar o princípio do promotor natural, uma garantia do
Estado democrático de Direito."
A falta de lealdade do agente público com a instituição onde trabalha é prevista de enquadramento na Lei de Improbidade Administrativa. "Eles promoveram investigação na madrugada, no prédio da procuradoria e usando a
instituição, por meio do meu nome, para obter provas. Isto é ser
infiel com a própria instituição."
Em tese tanto a falta funcional
quanto o ato de improbidade podem resultar na perda do cargo.
Fonteles, que é simpatizante do
PT e foi nomeado pelo presidente
Luiz Inácio Lula Silva em 2003,
disse que nunca teve relações de
amizade com Santoro, amigo do
tucano José Serra. Para o procurador-geral, Santoro não tinha o dever "legal" de informá-lo das iniciativas, embora esperasse isso.
(DA SUCURSAL DE BRASÍLIA)
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