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CASO SANTO ANDRÉ
Investigação da suposta participação de Gomes da Silva no assassinato de Celso Daniel deixa de ser restrita
Justiça abre sigilo de ação contra empresário
LILIAN CHRISTOFOLETTI
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça paulista derrubou o sigilo da ação penal aberta contra o
empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser um dos mandantes do assassinato do prefeito
de Santo André, Celso Daniel
(PT). Desde o início das investigações, há cerca de dois anos e dois
meses, apenas advogados e promotores tinham acesso ao autos.
O juiz Luiz Fernando Migliori
Prestes, de Itapecerica da Serra
(SP), que aceitou anteontem as
alegações do Ministério Público
para o franqueamento da ação, já
havia negado anteriormente pedidos similares formulados por
familiares de Daniel e por advogados do empresário. O próprio PT
também tinha se manifestado de
forma favorável ao fim do sigilo.
Quando rejeitou as solicitações
de advogados e de familiares, o
juiz alegou a necessidade de preservar investigações ainda em
curso. Em sua nova decisão, disse
não ter notícias da existência de
tais apurações.
Para os advogados de Gomes da
Silva, apesar do sigilo que imperava no processo, detalhes do caso
eram repassados para a imprensa
de forma parcial com o objetivo
de prejudicar o acusado.
"Com a quebra do sigilo, agora a
imprensa séria e imparcial poderá
ter acesso às investigações e ver
que não existe provas contra o
meu cliente", afirmou Roberto
Podval, um dos advogados contratados pelo empresário.
O promotor José Reinaldo Carneiro, um dos responsáveis pela
investigação, afirmou que o Ministério Público pediu o fim do sigilo porque os promotores estão
"cansados" de ver atribuídos a
eles o vazamento de dados.
Daniel foi seqüestrado na noite
de 18 de janeiro de 2002, quando
retornava para Santo André em
uma Pajero conduzida por Gomes da Silva, seu ex-segurança. O
corpo do prefeito foi encontrado
dois dias depois abandonado em
uma estrada de terra em Juquitiba
(SP), com marcas de tiros e sinais
de tortura.
A Promotoria criminal de Santo
André acusou o empresário pela
morte e apontou como motivação
do crime um suposto esquema de
corrupção na prefeitura petista da
cidade. Parte do dinheiro, segundo testemunhas, financiou campanhas políticas.
O PT, que discorda da conclusão dos promotores, nega a existência de tal esquema na cidade.
Após a morte de Daniel, outras
seis pessoas, entre testemunhas e
supostos participantes do crime,
foram assassinadas, entre elas o
garçom que atendeu Daniel no último jantar dele com Gomes da
Silva, na noite do seqüestro.
Sigilo
Em sua decisão, o juiz de Itapecerica da Serra determinou a quebra do sigilo bancário de todos os
acusados pela morte do prefeito.
Segundo o Ministério Público, os
sete homens da favela Pantanal
presos foram contratados por Gomes da Silva para assassinar o
prefeito. O pedido foi feito pelo
advogado do empresário.
O juiz determinou ainda a abertura de inquérito pela Polícia Civil
e pela Polícia Federal para apurar
a denúncia de quatro presos de
que teriam sido torturados em dependências policiais. "Tais agressões teriam partido de delegados
de polícia, de funcionários e inclusive do deputado federal Luiz
Eduardo Greenhalgh", escreveu
Prestes em sua decisão.
O deputado elogiou a determinação judicial. "Todo caso de tortura deve ser investigado. E isso
vai me ajudar a mostrar que a
acusação é uma calúnia".
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