São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2000


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Cacique diz sofrer ameaça de morte

da Sucursal de Brasília

O cacique Nailton Pataxó, um dos líderes do movimento que contestou as comemorações dos 500 anos do Brasil, disse que foi ameaçado de morte por policiais militares da Bahia.
"Eu sei que vou morrer", disse o cacique da tribo pataxó hã-hã-hãe, no último dia 13, quando centenas de índios promoveram uma manifestação em Brasília.
A ameaça, segundo Nailton Pataxó, estaria relacionada aos incidentes ocorridos em novembro do ano passado, quando dois PMs foram baleados e mortos durante um confronto com índios que bloqueavam uma estrada na reserva Caramuru-Paraguaçu.
Até a conclusão desta edição, o comando da PM baiana não foi localizado para comentar a acusação. A PM estava no local para desalojar os pataxós, que haviam ocupado 14 fazendas na reserva.
Atualmente, os índios ocupam menos de 4% da área total da reserva, de cerca de 54 mil hectares.
A área só não está inteiramente nas mãos de fazendeiros porque, a partir de 1982, os pataxós promoveram invasões para retomar as terras que consideram suas.
A primeira área ocupada foi justamente a antiga sede do posto indígena que funcionava na região. Em 1982, o local estava transformado em sede da fazenda São Lucas, de 1.079 hectares.
Segundo relatório da Funai sobre os conflitos na área, entre os índios que reocuparam a reserva estava um grupo que retornava da fazenda Guarani, em Minas.
Localizada no município de Carmésia, a fazenda foi utilizada desde a década de 30 como uma espécie de presídio de índios envolvidos em conflitos de terras.
Nos últimos tempos, a Funai tem procurado fazendeiros interessados em sair da reserva em troca de indenização pelas benfeitorias realizadas. Mas o órgão não tem recursos para indenizar todos os ocupantes.
A ação que pede a nulidade dos títulos de propriedade deve ser julgada em breve pelo STF. Mesmo que os índios sejam vitoriosos, é provável que os conflitos na região continuem, pois os fazendeiros não aceitam deixar o local sem indenização. Segundo a Igreja Católica, 12 índios já morreram nos últimos 11 anos em razão de conflitos na área.


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