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Cacique diz sofrer ameaça de morte
da Sucursal de Brasília
O cacique Nailton Pataxó, um
dos líderes do movimento que
contestou as comemorações dos
500 anos do Brasil, disse que foi
ameaçado de morte por policiais
militares da Bahia.
"Eu sei que vou morrer", disse o
cacique da tribo pataxó hã-hã-hãe, no último dia 13, quando
centenas de índios promoveram
uma manifestação em Brasília.
A ameaça, segundo Nailton Pataxó, estaria relacionada aos incidentes ocorridos em novembro
do ano passado, quando dois PMs
foram baleados e mortos durante
um confronto com índios que
bloqueavam uma estrada na reserva Caramuru-Paraguaçu.
Até a conclusão desta edição, o
comando da PM baiana não foi
localizado para comentar a acusação. A PM estava no local para desalojar os pataxós, que haviam
ocupado 14 fazendas na reserva.
Atualmente, os índios ocupam
menos de 4% da área total da reserva, de cerca de 54 mil hectares.
A área só não está inteiramente
nas mãos de fazendeiros porque,
a partir de 1982, os pataxós promoveram invasões para retomar
as terras que consideram suas.
A primeira área ocupada foi justamente a antiga sede do posto indígena que funcionava na região.
Em 1982, o local estava transformado em sede da fazenda São Lucas, de 1.079 hectares.
Segundo relatório da Funai sobre os conflitos na área, entre os
índios que reocuparam a reserva
estava um grupo que retornava da
fazenda Guarani, em Minas.
Localizada no município de
Carmésia, a fazenda foi utilizada
desde a década de 30 como uma
espécie de presídio de índios envolvidos em conflitos de terras.
Nos últimos tempos, a Funai
tem procurado fazendeiros interessados em sair da reserva em
troca de indenização pelas benfeitorias realizadas. Mas o órgão não
tem recursos para indenizar todos os ocupantes.
A ação que pede a nulidade dos
títulos de propriedade deve ser
julgada em breve pelo STF. Mesmo que os índios sejam vitoriosos, é provável que os conflitos na
região continuem, pois os fazendeiros não aceitam deixar o local
sem indenização. Segundo a Igreja Católica, 12 índios já morreram
nos últimos 11 anos em razão de
conflitos na área.
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