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RUMO A 2006
Governador vê falta de dedicação do partido, enquanto setores da sigla dizem que ele não soube conquistar espaço
Alckmin cobra apoio do PSDB ao seu nome
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desconfortável, o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin,
está cobrando amparo do PSDB
antes de se lançar na disputa pela
Presidência da República. Só que,
para setores do PSDB, ele não se
movimentou para a conquista do
espaço que reivindica.
A seus interlocutores, Alckmin
tem se queixado de insegurança
para suas investidas. E a relação
com os aliados do prefeito de São
Paulo, José Serra, seria a fonte
desse mal-estar.
A um tucano que encorajava
sua candidatura, Alckmin disse
que se ressentia da falta de apoio
do partido. Na conversa, ele teria
lembrado até sua dedicação à eleição de Serra, lamentando não estar recebendo o mesmo tratamento do PSDB.
Além de reclamar da divulgação
de notas segundo as quais não
basta ser um bom governador para ser o candidato ideal à Presidência, Alckmin nem sequer obteve do partido garantia de que
dividirá apenas com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves,
o melhor naco do horário eleitoral gratuito do PSDB, que vai ao ar
a partir do fim do mês.
Revelado há um mês pela Folha,
o impasse continua: para ganhar
visibilidade nacional, Alckmin
reivindica boa parte do horário
eleitoral gratuito, de 60 minutos.
Mas, entusiasmados com as pesquisas que o apontam como principal adversário do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, os amigos de Serra também exigem espaço para o prefeito nos programas de rádio e TV.
"Ouvi falar que ele [Alckmin]
está incomodado. Mas o fato é
que, enquanto o candidato não
estiver definido, vai haver pulverização do tempo", defendeu o líder
do PSDB na Câmara, Alberto
Goldman (SP), acrescentando
que a aparição de Serra é "inevitável" por ser ele um "líder nacional", mas que, "a princípio", ele
não é candidato.
Os relatórios preliminares da
pesquisa encomendada pelo partido, dando conta de um mau desempenho de Alckmin fora de
São Paulo, estariam estimulando
os defensores da candidatura do
prefeito. Em resposta às queixas
de Alckmin, aliados de Serra alegam que ele mesmo não agiu para
merecer o destaque que tanto reclama. Segundo um deles, desde
2002, Alckmin é o favorito do
PSDB, mas não decolou. Goldman concorda, ainda que de maneira mais sutil: "Essa articulação
interna e a definição interna ainda
não aconteceram".
Líder do governo Serra na Câmara Municipal, José Aníbal discorda. "Alckmin é o candidato do
PSDB à Presidência da República.
E deve ser contemplado com
maior parte do tempo do partido", diz Anibal, após protagonizar uma queda-de-braço com o
prefeito pelo comando no PSDB
na capital.
O atual presidente do diretório
municipal do partido, deputado
Edson Aparecido, renunciou à
presidência alegando necessidade
de se dedicar mais à liderança do
governo na Assembléia do Estado, tarefa que acumula. Em seu
lugar, assumiria o vice-presidente, Ricardo Montoro. Derrotado
na disputa pela presidência da Câmara, Montoro seria, finalmente,
recompensado por Serra. A executiva reagiu, afirmando que era
necessária a convocação de nova
eleição. E José Anibal apoiou outro candidato.
Como a próxima eleição será
somente em setembro, Edson
Aparecido voltou ao cargo, adiando o embate. Mas um aliado de
Alckmin aposta: governador e
prefeito acabarão se confrontando na disputa pelo comando dos
diretórios, especialmente depois
que tucanos de fora da capital foram nomeados para subprefeituras da capital paulista.
"Um partido é feito de partes.
Por enquanto, não existe essa unidade. Mas eles têm todas as condições de construir uma candidatura de consenso", afirma o líder
do PSDB, vereador Juscelino
Gadelha.
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