UOL

São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula mantém apadrinhados de políticos da oposição

DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva mantém em cargos federais de segundo e terceiro escalões nos Estados dezenas de apadrinhados de políticos que apoiaram Fernando Henrique Cardoso em seus oito anos de mandato.
Essa estratégia tem garantido a Lula apoios formais de partidos e individuais de parlamentares que sempre estiveram no campo político oposto ao PT. Mas, por outro lado, tem desagradado a aliados que apoiaram o petista na eleição presidencial e que ainda não foram agraciados com cargos.
Boa parte dos atuais aliados de Lula mudaram de partido para permanecerem na base aliada e, com isso, conservarem sua influência. Mas outros políticos conservaram seus cargos mesmo tendo permanecido em siglas que se opõem ao governo, como PSDB e PFL. É o caso do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), rival histórico do PT, que mantém nas mãos de afilhados políticos ao menos 14 cargos federais na Bahia. Dez deles mantêm os postos desde o governo FHC.
Outra pefelista, a senadora Roseana Sarney (MA), também tem em suas mãos ao menos cinco cargos federais em seu Estado.
Em troca da manutenção dos apadrinhados, ACM e Roseana trabalham para fazer com que ao menos a metade da bancada do PFL no Congresso vote a favor das reformas do governo no Congresso Nacional.

PSDB
O Planalto também usa a mesma estratégia com o PSDB. Líder da bancada dissidente tucana na Câmara, Salvador Zimbaldi (SP) conseguiu manter um correligionário na direção-financeira de Furnas Centrais Elétricas. Zimbaldi responde a processo no Conselho de Ética do PSDB acusado de tentar aliciar parlamentares para votar com o governo.
A estratégia de manutenção de cargos também foi usada para atrair para a base governista o PMDB e o PP. Um dos maiores defensores do apoio ao governo, o líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), conseguiu deixar em seus postos quatro aliados de seu Estado. Seus colegas de bancada Gerson Camata (ES), Ney Suassuna (PB), José Maranhão (PB), José Sarney (AP), Maguito Vilela (GO) e Ramez Tebet (MS) também ganharão sua fatia da máquina federal.
Do PP (antigo PPB), conseguiram cargos os deputados José Janene (PR), Pedro Henry (MT), Mário Negromonte (BA) e Pedro Corrêa (PE), entre outros.
Preocupado com a reação de antigos aliados, como PL, PSB, PPS e PC do B, ao agrado aos novos parceiros, Lula deve se reunir com líderes e presidentes de partidos que o apoiaram na eleição nesta semana em Brasília. O presidente dirá que não há privilégio e que, no máximo em dois meses, todos as siglas que o apóiam terão seus pleitos atendidos.
(OTÁVIO CABRAL)


Texto Anterior: Governo quer "federação de siglas" para nanicos
Próximo Texto: Mudança de partido acompanha eleição para o Executivo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.