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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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REFORMAS

Além de tirar limites do imposto do cheque da Constituição, Virgílio Guimarães pretende também mudar o ICMS

Relator quer flexibilizar alíquota da CPMF

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relator da comissão especial da Câmara encarregada de examinar a reforma tributária, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) defende alterações polêmicas no projeto do governo. Dois exemplos: retirar do texto os limites para a alíquota da CPMF e alterar a forma de distribuição dos recursos do ICMS entre os Estados.
Pela reforma proposta, a CPMF se tornará um tributo permanente -Contribuição sobre Movimentação Financeira, sem o P de Provisória)- com alíquota mínima de 0,08% e máxima de 0,38%, a cobrada hoje em dia. A imposição de um teto para a contribuição é apontada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, como uma garantia de que a reforma não elevará a carga tributária, ao contrário do que afirmam setores do empresariado.
Guimarães, porém, tem visão diferente. "Isso não é assunto de Constituição", disse. Por esse raciocínio, as alíquotas da CPMF, como as dos demais tributos, devem ser definidas por lei, na etapa de regulamentação da reforma.
Na prática, a idéia torna mais fácil um novo aumento da CPMF, que era de 0,25% em 1993, quando o tributo foi introduzido pela primeira vez com o nome de IPMF. O próprio Guimarães já defendeu uma alíquota de 0,5% para, com os recursos adicionais, compensar perdas dos Estados com a reforma. Agora, ele vai mais além: sugere a adoção de alíquotas diferenciadas, conforme o tipo de operação. Algumas delas, imagina, poderão ser deduzidas em outros tributos. "Mas tudo será discutido com a comissão."
Guimarães nega que a reforma vá elevar a carga tributária. "Fui o primeiro a chamar a atenção para esse risco e não abro mão da primazia", diz, em referência a temores manifestados nesta semana pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O relator também defende "aperfeiçoamentos" em outro ponto sensível da reforma, o novo ICMS -que, pelo projeto, terá uma legislação única, em vez das 27 existentes hoje. A proposta é retomar uma discussão abandonada pelo governo nas negociações da reforma com os governadores: fazer a cobrança do imposto no destino das mercadorias, o que imporia perdas a Estados como São Paulo e Minas Gerais.
Guimarães diz que o texto pode até estabelecer um cronograma para a mudança do sistema atual, que divide a arrecadação do ICMS entre a origem e o destino.



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