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GOVERNO NO ESCURO
Queda da popularidade do presidente ainda não chegou ao ponto mais baixo, alcançado em 1999
Crise cambial afetou FHC mais que apagão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise energética pode já ter
derrubado o ritmo de crescimento da economia, mas ainda não
chegou perto do que foi a desvalorização do real para a popularidade do governo e do Plano Real.
Se o desempenho do governo
federal fosse visto como uma paisagem, sua avaliação mostraria
um relevo acidentado em direção
a um novo declínio.
Em três meses, cresceu em 12
pontos o percentual de brasileiros
que reprovam o governo FHC. A
taxa de aprovação do real caiu
quatro pontos desde março.
Mas nessa paisagem fica claro
que nada castigou tanto a popularidade do governo e do plano
quanto a desvalorização do real.
A nota média atribuída ao governo pelos entrevistados do Datafolha na semana passada foi 4,4.
Nos seis anos e seis meses de
mandato do presidente Fernando
Henrique Cardoso, a nota só esteve pior quando o real desvalorizado fez aumentar o desemprego e a
pobreza no país.
Nos meses seguintes à desvalorização, o desempenho do governo desenhou um vale. A nota chegou a bater em 3,5.
Na verdade, esse vale começou a
ser delineado no início do segundo mandato de FHC e parecia ter
sido deixado para trás na pesquisa feita três meses atrás.
É importante notar que a pesquisa mostra um certo efeito retardado na reação popular.
Exemplo: a desvalorização do real
aconteceu em janeiro de 1999,
mas a popularidade de FHC só
bateu no fundo do poço no levantamento feito em setembro, quase
oito meses depois.
Há apenas três meses, a nota
média dada ao governo era 5,2. Se
o raciocínio acima se repetir agora, a queda da popularidade pode
estar ainda no começo.
Não é novidade que o Plano
Real sempre se deu melhor do que
o governo quando submetido à
avaliação popular.
Esse quadro se mantém ainda
hoje, mas registra-se baixa da popularidade tanto do plano como
da administração de FHC.
De acordo com o retrato tirado
na semana passada, 40% dos entrevistados ainda acreditam que o
plano é ótimo ou bom.
Menos da metade desse percentual -19%- dá a mesma classificação ao desempenho do governo tucano.
Rio de Janeiro
No mesmo período em que 38%
dos entrevistados classificaram o
governo de ruim ou péssimo, apenas 24% fizeram a mesma avaliação do plano que garantiu duas
eleições de FHC ao Planalto.
O inferno da popularidade do
governo e do Plano Real mora no
Rio de Janeiro.
Esse é o Estado que registra a
pior avaliação para ambos. Na fila, seguem-se o Distrito Federal e
a Bahia do ex-aliado e ex-senador
Antonio Carlos Magalhães.
Os maiores críticos do plano estão concentrados na região Sudeste e principalmente nas regiões metropolitanas.
Os índices de aprovação obtidos
no primeiro mandato do presidente parecem cenas de um outro
planeta.
(MARTA SALOMON)
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