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ANÁLISE
Estabilidade sobre base frágil
GUSTAVO PATÚ
SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO
Na estratégia econômica,
política e eleitoral do governo, 2001 seria o ano em que os esforços para melhorar estatísticas
como inflação, déficit público e
contas externas finalmente começariam a se transformar em resultados palpáveis para a população
-mais emprego e salário.
Agora, porém, não está afastada apenas a expectativa imediata
de crescimento da produção e da
renda: também estão abalados os
indicadores que sustentam a imagem de Fernando Henrique Cardoso no mercado e no exterior.
A inflação em alta obrigou o
Banco Central a elevar os juros; as
taxas provocam crescimento da
dívida e do déficit do governo; a
insegurança faz minguarem os
investimentos externos no país.
Com isso, o governo perdeu até
o discurso de que havia ajustado
o que chama de "fundamentos da
economia", condição básica para
que o país retomasse um crescimento econômico consistente
agora ou mais à frente.
As causas geralmente apontadas da abrupta reversão de expectativas são a estagnação dos EUA,
a crise do peso argentino, a disparada do dólar e a escassez de
energia elétrica.
No entanto, a extensão do efeito
produzido por esses choques mostra que as fragilidades que levaram ao colapso do real em 99 permanecem, a despeito dos ajustes
conduzidos no segundo mandato
de FHC.
Mesmo com a introdução do
câmbio flutuante, o dólar não pode subir para estimular as exportações, sob pena de produzir descontrole da inflação.
Apesar dos expressivos aumentos de impostos e cortes de gastos,
as contas públicas pioram porque
os juros subiram para conter a alta de preços.
E, como nos primeiros anos do
Plano Real, a política econômica
volta a ficar paralisada em torno
de um único objetivo, a estabilidade da moeda.
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