São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

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ANÁLISE
Estabilidade sobre base frágil

GUSTAVO PATÚ
SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO

Na estratégia econômica, política e eleitoral do governo, 2001 seria o ano em que os esforços para melhorar estatísticas como inflação, déficit público e contas externas finalmente começariam a se transformar em resultados palpáveis para a população -mais emprego e salário.
Agora, porém, não está afastada apenas a expectativa imediata de crescimento da produção e da renda: também estão abalados os indicadores que sustentam a imagem de Fernando Henrique Cardoso no mercado e no exterior.
A inflação em alta obrigou o Banco Central a elevar os juros; as taxas provocam crescimento da dívida e do déficit do governo; a insegurança faz minguarem os investimentos externos no país.
Com isso, o governo perdeu até o discurso de que havia ajustado o que chama de "fundamentos da economia", condição básica para que o país retomasse um crescimento econômico consistente agora ou mais à frente.
As causas geralmente apontadas da abrupta reversão de expectativas são a estagnação dos EUA, a crise do peso argentino, a disparada do dólar e a escassez de energia elétrica.
No entanto, a extensão do efeito produzido por esses choques mostra que as fragilidades que levaram ao colapso do real em 99 permanecem, a despeito dos ajustes conduzidos no segundo mandato de FHC.
Mesmo com a introdução do câmbio flutuante, o dólar não pode subir para estimular as exportações, sob pena de produzir descontrole da inflação.
Apesar dos expressivos aumentos de impostos e cortes de gastos, as contas públicas pioram porque os juros subiram para conter a alta de preços.
E, como nos primeiros anos do Plano Real, a política econômica volta a ficar paralisada em torno de um único objetivo, a estabilidade da moeda.



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