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SUCESSÃO
Déficit da União, Estados, municípios e estatais aumentou no Real
Apesar do discurso, contas
públicas se deterioraram
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
Apesar de o
Real ter sido
lançado como o
único plano que
se preocupou
em controlar as
contas públicas,
os resultados
apresentados hoje por União, Estados, municípios e estatais são
muito piores hoje do que há quatro anos.
No ano do lançamento do Real,
as receitas superavam os gastos
públicos. No ano passado, houve
um déficit total superior a R$ 50
bilhões, que, na melhor das hipóteses, se manterá neste ano.
A equipe econômica acredita
que só será possível equilibrar as
contas no próximo governo, em
um prazo de dois anos. Depois,
não será mais possível contar com
a receita da venda de estatais.
Espera-se que as contas da
União, Estados, municípios e estatais consigam chegar, até lá, a um
superávit primário (sem incluir
gastos com juros) de 1,5% do PIB
(Produto Interno Bruto, a soma
das riquezas produzidas no país).
É a mesma meta fixada -e não
cumprida- para o ano passado.
"O problema é quando acabar
a receita da privatização", diz o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Eduardo Guardia.
Segundo ele, o governo já está
trabalhando para criar condições
que permitam reduzir o déficit público nos próximos anos.
É o caso, por exemplo, da proposta de reforma da Previdência
Social que está sendo votada na
Câmara dos Deputados.
Sua aprovação irá permitir, ao
longo do tempo, a redução dos
gastos com o pagamento dos benefícios, que passaram de R$ 32,5
bilhões em 1995 para R$ 46,4 bilhões no ano passado.
Outro passo importante para
equilibrar as contas públicas, segundo Guardia, foram os acordos
de renegociação de dívidas assinados neste ano entre os Estados e o
Tesouro Nacional.
Uma das medidas que o governo
espera ver adotada é a demissão de
servidores públicos por excesso de
quadros, como previsto na reforma administrativa.
Sem controlar o déficit fiscal, o
governo tem pouco espaço para
diminuir juros e promover uma
aceleração da economia. Para
Guardia, o governo está passivo
diante do déficit fiscal.
De acordo com os dados do Banco Central, o resultado das contas
públicas em 1994 foi um superávit
primário de 5,29% do PIB. Em
1997, porém, União, Estados, municípios e estatais fecharam com
um déficit de 0,94% do PIB.
Em março último, o déficit primário acumulado nos 12 meses
anteriores estava em 0,78% do
PIB. No caso do governo federal, o
superávit de 3,17% do PIB de 1994
se transformou em déficit de
0,27% do PIB no ano passado.
Para piorar, o governo teve que
elevar os juros para 43,41% ao ano
em outubro passado para evitar
que a crise asiática provocassem a
fuga de recursos externos. A taxa
caiu hoje para 21%, ainda alta.
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